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De acordo com o Relatório da Comissão de Averiguação de violências sobre presos sujeitos às autoridades militares, conhecido como o «Relatório das Sevícias», foram detidas cerca de 300 pessoas na sequência dos acontecimentos do 28 de Setembro.

Segundo este relatório, cuja credibilidade é muito contestada, «o 28 de Setembro constitui, assim, a data-chave em que verdadeiramente se inicia o ciclo de violência e arbitrariedade, pelo abandono das finalidades revolucionárias de garantia de direitos e de criação dum estatuto legal e pela criação dum aparelho repressivo com poderes extremamente latos e indefinidos.»

Afirmação muito duvidosa, na medida em que o 28 de Setembro significará, antes de mais, a reorganização da extrema-direita a partir do exílio. Alguns dos fundadores dos partidos que apoiaram a «maioria silenciosa» manter-se-ão próximos de Spínola. Muitos dos que abandonam o país por envolvimento nestes acontecimentos estarão na origem do ELP em janeiro de 1975 e do MDLP em maio. A Comissão Política deste movimento integrará vários civis da direita radical, oriundos do MFP/PP, como Fernando Pacheco de Amorim, José Valle de Figueiredo, José Miguel Júdice e Luís Sá Cunha.

Estas organizações serão responsáveis por uma vaga terrorista que se traduz em cerca de 600 ações violentas entre maio de 1975 e abril de 1977 e provoca dezenas de mortes.

O próprio Spínola, já depois de anunciar o fim do MDLP, estará envolvido em abril de 1976 na aquisição de armamento e numa conspiração que previa a invasão armada de Portugal, o que não impedirá que regresse ao país em agosto sem responder em tribunal pelas suas atividades golpistas e terroristas.

#50anos25abril