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Essencialmente centrado no movimento operário e de moradores, é um processo generalizado, sectorial e geograficamente, de ação política, organização popular e diálogo com o poder.

Impõe a conquista de direitos e liberdades «de facto», antes de qualquer consagração legal como as ocupações de casas, a liberdade de associação, reunião e formação de partidos, a organização nos locais de trabalho, a liberdade sindical ou a prática da greve, concretizando conquistas essenciais quanto à natureza da sociedade e à edificação de um Estado Social.

Assumindo as características de uma revolução socialista, tratava-se de um amplo processo de democratização política e social e de corte completo com a ditadura, ou seja, a negação prática e o bloqueio fundamental do projeto spinolista.

No mundo operário, o período entre maio e setembro de 1974 é marcado por uma vaga reivindicativa e grevista de grandes dimensões. Muitas destas greves, dirigidas sobretudo pelas comissões de trabalhadores e pela extrema-esquerda, são proibidas por Governo e MFA e duramente atacadas pelo PCP.

As lutas estendem-se aos serviços, aos transportes, hospitais, ao mundo rural, às pequenas e médias empresas, aos bancos, ao comércio, à imprensa, ao Estado e função pública, aos empregados de escritório, aos caixeiros, aos pescadores ou ainda aos moradores dos bairros urbanos de Lisboa, Porto ou Setúbal.

É transversal a toda a sociedade e assume contornos nacionais. Sai da cintura industrial de Lisboa, atinge o Porto, os lanifícios na Covilhã, os mineiros da Panasqueira, os campos do Alentejo, as empresas de confeções no norte do país ou minas de sal no Algarve.

Para além de questões salariais, estava em causa a autogestão, o controlo operário, o controlo de despedimentos, a readmissão de trabalhadores despedidos e os saneamentos.

 

Manifestação e reunião dos sindicatos do Barreiro, 30 de abril de 1974
Fonte: RTP Arquivos

 

Greve nas minas da Panasqueira, no Fundão, 16 de maio de 1974.
Fonte: RTP Arquivos

#50anos25abril