Não se deixem enganar! Um conto panfletário é um espetáculo que integra interpretação musical e narração ao vivo de um conto escrito a partir da memória de um adulto que recorda nos nossos dias como foi viver enquanto criança o período revolucionário e a transição para a democracia, em torno do 25 de Abril de 1974, data simbólica testemunhada pelo narrador a partir de Lisboa.
O texto desfia uma série de episódios da vida quotidiana da sua família e amigos, para exemplificar a diferença abismal entre o que era viver num mundo de opressão e injustiças e o que significou a atmosfera de mudança trazida pela conquista da Liberdade há 48 anos.
Na oficina/ conversa que complementa o espetáculo, recorrendo a uma série de fac-símiles de cartazes, fotografias, ilustrações, obras de artes, registos sonoros e documentos da época, Sérgio Pelágio e Isabel Gaivão procuram estabelecer a ponte entre estes tempos remotos e o presente-futuro das nossas vidas em sociedade, lembrando que, se a História nunca se repete, já as muitas atrocidades do passado continuam teimosa e ciclicamente a retornar, transmutadas de novos contornos.
Este espetáculo-oficina originalmente pensado para o público infanto-juvenil mas não só, acabou por ser criado e estreado em plena pandemia, pelo que só muito recentemente pôde começar a circular pelo país, sendo que este mês fará também a sua primeira apresentação fora de Portugal.
Histórias Magnéticas é um projeto tecnicamente simples e vocacionado para a itinerância. Foi concebido para ser apresentado em escolas, bibliotecas, associações recreativas ou outros espaços não convencionais, fechados ou ao ar livre, informais e intimistas, que promovam a proximidade e a interação entre intérpretes e público.
Atendendo ao acolhimento entusiasta que temos vindo a receber e às sugestões que nos têm sido dirigidas por bibliotecários e professores a propósito do Não se deixem enganar! Um conto panfletário, estamos agora a iniciar o processo criativo que dará origem a uma pequena edição em papel desta história ilustrada, que gostávamos muito que também pudesse vir a ser um recurso educativo disponível em bibliotecas e escolas, reunindo os principais acontecimentos históricos, mas também incluindo informação conexa que possa amplificar a leitura pelas crianças de hoje do que foi e continua a representar para todos este período ímpar da nossa história recente.
Sinopse
Movido pela crescente onda obscurantista, retrógrada e fascista que avança por esse mundo fora, saiu-me, como um gesto de reação, esta história que fala de uma criança que viveu a transição do fascismo para a democracia em Portugal e que por isso sabe muito bem que não há coisa pior do que viver sob um regime como o antigo”, conta Pelágio. Não se deixem enganar! – um conto panfletário é pois uma homenagem à geração de pais e mães nascidos nos anos 30 do século XX que, sem procurarem um lugar na história, protagonismo político ou de qualquer outra espécie, nunca se resignaram, arriscaram a vida, passaram pela prisão, exilaram-se e foram perseguidos para que nós possamos viver hoje num país melhor. Sem nunca esquecermos que, hoje como ontem, é preciso estar atento às marés!
Ficha Artísticas
Conto original, composição original e guitarra elétrica: Sérgio Pelágio
Narração: Isabel Gaivão
Direção de Produção: Sofia Afonso
Produção Executiva: Rodolfo Freitas
Comunicação: Susana Ribeiro Martins
Ilustração cartaz: João Pedro Gomes
Design Gráfico cartaz: Carlos Bártolo
O repertório anterior das Histórias Magnéticas é de 6 histórias reunidas no CD editado em 2018:
1. A bomba e o general (a partir do conto homónimo de Umberto Eco)
2. Enquanto o meu cabelo crescia (história original de Isabel Minhós Martins
3. O meu primeiro Dom Quixote (a partir da adaptação de Alice Vieira)
4. Nungu e a Senhora Hipopótamo (a partir do conto homónimo de Babette Cole)
5. Um estranho barulho de asas (a partir de um conto macaense de Alice Vieira)
6. Uma Galinha (a partir de um conto de Clarice Lispector)
Os vídeos de várias apresentações podem ser encontrados em: http://www.historiasmagneticas.blogspot.pt/
Mais informação sobre a estrutura artística Produções Real Pelágio em:http://www.realpelagio.org