A mostra expositiva evoca o centenário do nascimento do escritor Urbano Tavares Rodrigues.
No ano em que se assinala o centenário do nascimento de Urbano Tavares Rodrigues, o Arquivo Nacional da Torre do Tombo tem patente uma exposição centrada na sua primeira obra editada (1949): Santiago de Compostela (Quadros e Sugestões da Galiza) livro que reúne um conjunto de crónicas publicadas no “Diário de Notícias” no ano anterior (1948). Estas crónicas são o motivo para o trabalho do fotografo Sérgio Jacques, presente nesta exposição, e agora editado em livro (“Santiago de Compostela”), que mistura fotografias da cidade com frases e excertos do livro de Urbano Tavares Rodrigues e assim lhe rende homenagem.
Urbano Tavares Rodrigues
Nasceu em Lisboa, em 1923, tendo passado a infância no Alentejo, perto de Moura, vivência que muito influenciou a sua vida e obra. Ficcionista, investigador e crítico literário, licenciou-se em 1950.
Impedido, por motivos políticos, de exercer a docência universitária em Portugal, foi leitor de português em diversas universidades estrangeiras (Montpellier, Aix e Paris, entre 1949 e 1955). Depois da revolução de 25 de Abril de 1974 retomou a atividade docente em Portugal, jubilando-se em 1993 como Professor Catedrático da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Foi membro efetivo da Academia de Ciências de Lisboa e membro correspondente da Academia Brasileira de Letras.
A obra de Urbano Tavares Rodrigues é extensa, sendo composta por várias dezenas de títulos, entre conto, romance, crónica e ensaio, muitos deles traduzidos em várias línguas. Colaborou igualmente com variadas publicações, foi diretor da revista “Europa”, redator principal do “Jornal de Letras e Artes” e jornalista de “O Século” e de “O Diário de Lisboa”, periódicos onde fez crítica teatral. Enquanto repórter, percorreu grande parte do mundo, tendo reunido os seus relatos de viagem nos livros “Santiago de Compostela” (1949), Jornadas no Oriente” (1956) e “Jornadas na Europa” (1958), entre outros livros de viagens que mais tarde publicou.
Urbano participou, como ator (fazendo o papel de si próprio) no filme Visita – Ou Memórias e Confissões – realizado por Manoel de Oliveira em 1982 e até hoje não comercializado.
Em 2000 foi-lhe atribuído o Prémio de Consagração de Carreira da Sociedade Portuguesa de Autores e, em 2002, o Grande Prémio Vida Literária da Associação Portuguesa de Escritores. Morreu em Lisboa em 2013.
Sérgio Jacques
Nasceu no Porto em 1964. Fotógrafo e editor é autor e coautor de livros de história, arquitetura, gastronomia, património e turismo cultural. Publica regularmente nas páginas da centenária revista “O Tripeiro”. Fez a sua tese de mestrado em Madrid alicerçada em memórias pessoais que o levam a editar em 2011 o fotolivro “Archivos”, fotografias e acontecimentos pessoais procedentes de álbuns familiares que se misturam com a história do país, onde a fotografia se revela como detonante para a construção da memória coletiva.
Durante a última década colaborou com o arqueólogo e historiador Joel Cleto, para a recolha e publicação das “Lendas do Porto”. As centenas de fotografias publicadas regularmente em dispersos meios, foram reunidas numa coleção de livros com cinco volumes. Um contributo para a história da cidade e para a afirmação da identidade coletiva.
O património e a memória coletiva são os temas que tem privilegiado nos projetos fotográficos que tem vindo a desenvolvendo, tendo recebido em 2020 o prémio da APOM (Associação Portuguesa de Museologia) pelo seu trabalho na área da fotografia sobre património.