Viatura militar sai à rua para se associar ao início das comemorações oficiais dos 50 anos do 25 de Abril.
A chaimite Bula, que voltou a sair à rua para assinalar o início das comemorações oficiais dos 50 anos do 25 de Abril, é a viatura militar mais procurada para participar em iniciativas públicas, confirma José Alves, presidente da Associação Portuguesa de Veículos Militares Antigos.
Consciente de que a Bula é um ex-libris, por ter sido a chaimite que transportou Marcello Caetano, deposto do cargo de presidente do Conselho, quando saiu do Quartel do Carmo, no dia 25 de Abril de 1974, o engenheiro descarta preferências.
“Para nós, ter esta viatura ou uma outra qualquer com história é igual, mas esta teve a particularidade de transportar um primeiro-ministro já demitido. Na realidade, todas aquelas que participaram no 25 de Abril contam”, realça.
Em termos exclusivamente mecânicos, a Bula “não fez nada de especial”, desvaloriza José Alves.
“Encostou de marcha-atrás no Convento do Carmo, para carregar Marcello Caetano e mais alguns membros do governo que lá estavam. É a única diferença em relação às outras, de resto tem o mesmo significado”, compara.
A diferença é que é uma espécie de filha que está sempre a sair de casa – no caso, o Museu Militar de Elvas. “As pessoas gostam de ver a viatura, reconhecem-na. É a chaimite Bula! Mas temos outras que gostávamos de mostrar também”, assinala. E outras, que “andaram na guerra” colonial e que gostavam de restaurar, mas “ainda não” conseguiram.
“Há mais algumas por recuperar, mas isso tem alguns custos”, indica José Alves, explicando que a associação não tem fundos para tal, mas gostava de ver aprovado esse projeto, no âmbito das comemorações oficiais do 25 de Abril.
A Bula “estava guardada” quando a associação, ao abrigo de um protocolo com o Exército, “dono das viaturas” (ou seja, o Estado português), decidiu recuperá-la, sobretudo na parte mecânica, para que pudesse participar em eventos públicos. “Não foi preciso restauro, porque não estava muito mal”, recorda o engenheiro.
Esta intervenção insere-se num projeto mais global, iniciado há uns anos, para “tentar recuperar viaturas que estavam sem abrigo”.
Apesar de estar mais exposta do que as outras, a Bula não passa a vida a sair. Antes de se juntar ao arranque das comemorações do cinquentenário do 25 de Abril, só havia saído há dois anos, para a produção de um filme.
“É bastante salvaguardada, só sai mesmo para ocasiões especiais”, garante o engenheiro, que afasta dificuldades na condução. “É como se fosse conduzir uma camioneta, um camião. Não é propriamente um automóvel, até pela posição de condução, mas também não é um nenhum carro de combate, tem um volante normal”, descreve.