Em consonância com a ideia geral da épistémologie historique francesa, radicalizada quase ao mesmo tempo por Michel Foucault ao discutir as mudanças descontínuas na épistémè, esta explicação levanta dois grandes desafios. Em primeiro lugar, dado que a ciência, ao contrário de outras produções culturais, parece estar indexada a uma norma de verdade, espera-se uma possibilidade constante de comparar os pontos de vista científicos com referência a essa norma, em oposição à incomparabilidade implicada por relatos que invocam mudanças de paradigmas ou épistémè. Em segundo lugar, embora os “paradigmas” ou épistémé constituam formações de alto nível em comparação com as hipóteses ou teorias, podemos discordar do papel fundamental que Kuhn ou Foucault lhes atribuem no seio das ciências. Depois, se forem consideradas outras unidades de análise da atividade científica, a impressão de uma revolução pode dissipar-se, revelando-se o problema de ter de escolher qual o nível de análise mais relevante para captar a dinâmica científica.
Esta busca incessante pela atenção dos consumidores favorece a disseminação de notícias falsas e conteúdos polarizadores, comprometendo o debate público saudável e informado, essencial para o funcionamento democrático. A personalização extrema dos conteúdos pode criar câmaras de eco, onde os utilizadores são expostos apenas a informações que reforçam as suas pré-conceções, dificultando o diálogo entre diferentes perspetivas e, consequentemente, enfraquecendo os pilares da democracia, que se baseiam na pluralidade de ideias e no debate construtivo. Nesta apresentação, discutirei essa dinâmica e a forma como ela afeta a sociedade assim como possíveis soluções que podem ser adotadas para mitigar os seus efeitos negativos.
Tradução simultânea PT/EN e EN/PT
Créditos Fotográficos: Arlindo Oliveira ©DR