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Sondagem «Os Portugueses e o 25 de Abril» apresentada em Lisboa

A Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril apresentou esta sexta-feira, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, os resultados da sondagem «Os Portugueses e o 25 de Abril», que revela, entre outros dados, que 65% dos inquiridos consideram a Revolução de Abril o facto mais importante da história do país.

A sondagem foi realizada por uma equipa do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-ULisboa) e do Iscte-Instituto Universitário de Lisboa coordenada por Pedro Magalhães, em parceria com a Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril, o Expresso e a SIC. Os resultados deste estudo estão disponíveis na no site da Comissão. 

O evento, que foi conduzido pelo jornalista Ricardo Costa, contou com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa; do Presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco; da ministra da Juventude e da Modernização, Margarida Balseiro Lopes; da Comissária Executiva da Comissão Comemorativa 50 Anos 25 de Abril, Maria Inácia Rezola; e do coordenador do estudo, Pedro Magalhães. 

Numa nota introdutória, Maria Inácia Rezola começou por referir que “o Portugal democrático que conhecemos nasceu com o 25 de Abril”, considerando que, a poucos dias de se comemorarem os 50 anos desse momento fundador, “é emocionante ver como o país se está a organizar para celebrar a conquista da liberdade e da democracia”. A historiadora acrescentou ainda que a sondagem revela que “a democracia é um ser vivo e exigente” e que “as comemorações só fazem sentido se nos permitirem conhecer a história, para poder perspetivar o futuro”.

«Os Portugueses e o 25 de Abril» 

A apresentação dos resultados da sondagem ficou a cargo de Pedro Magalhães (ICS-ULisboa), coordenador do estudo, e das investigadoras Filipa Raimundo (ISCTE-IUL) e Filipa Madeira (ICS-ULisboa). 

Baseado em inquérito a uma amostra representativa da população adulta portuguesa, com cerca de 1200 inquiridos, o estudo encontra-se dividido em quatro grandes temas: o 25 de Abril e a transição para a democracia; o regime anterior e os seus responsáveis; mudança social e política desde o 25 de Abril; e a democracia portuguesa hoje. 

No que toca ao último grande tema, Filipa Madeira destacou que 67% dos inquiridos consideram Portugal tão democrático quanto outros países europeus e acrescentou que esta é uma visão que tem crescido desde 2004. Aproveitou ainda para salientar que a visão dos portugueses relativamente ao passado colonial do país é predominantemente positiva, narrativa que, segundo a investigadora, foi criada durante o Estado Novo e que perdura até hoje.

«O 25 de Abril é nacional» 

À apresentação da sondagem seguiu-se um debate para análise dos principais resultados, com a moderação de Ricardo Costa e os comentários de Miguel Poiares Maduro e de Mariana Lima Cunha. 

Ricardo Costa destacou quem “em comparação com os estudos anteriores, a o 25 de Abril tem ganho, com o passar dos anos, mais relevância para os portugueses”. 

Miguel Poiares Maduro, antigo ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional, mostrou-se preocupado com o facto de “quase 50% dos portugueses acharem que a ditadura tenha tido tanto de positivo como de negativo e que quase um quarto da população faça uma avaliação positiva do Estado Novo”. Revelou-se, no entanto, positivamente surpreendido com “a satisfação crescente dos portugueses com o regime democrático”, que, na sua opinião, “contraria a tendência de outros países e contraria também o crescimento recente do populismo em Portugal”. Relativamente aos dados sobre a perceção positiva dos portugueses em relação ao colonialismo, afirmou que “os portugueses deixaram o Estado Novo, mas o Estado Novo não deixou os portugueses”. 

A jornalista de política Mariana Lima Cunha confessou-se “aliviada com os resultados do estudo”, uma vez que esperava “um panorama mais fraturado”. Admitiu que tinha essa expectativa “provavelmente influenciada pelo resultado das eleições”.  

No encerramento da sessão, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, elogiou o estudo pela sua atualidade e por considerá-lo bastante completo. Afirmou ter receado que “a conjuntura, tanto nacional como internacional, fosse influenciar a visão estrutural dos portugueses em relação ao 25 de Abril”, mas acabou por ser surpreendido pela positiva. O Chefe de Estado destacou ainda que “a direita partilha do mesmo orgulho na transição pacífica que a esquerda”, considerando que isto demonstra que “o 25 de Abril é nacional”.

Fotografias: Cláudia Teixeira | Comissão Comemorativa 50 Anos 25 de Abril

 


Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril até 2026

As Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril tiveram início em março de 2022 e vão decorrer até 2026. Cada ano vai focar-se num tema prioritário, tendo como objetivo reforçar a memória e enfatizar a relevância atual destes acontecimentos na construção e afirmação da democracia. 

#50anos25abril