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Capa do Evento EXPOSIÇÃO

A Revolução em Marcha: os cartazes do PREC, 1974-1975
Exposição | 19 abr. – 21 set. ’24 | Sala de Referência | Entrada livre

Poucos dias após o 25 de Abril uma «diogo margarido arcadas do terreiro do pao lisboa maio 1975_150pxexplosão de visualismo» inundou o espaço público sob a forma de graffitis/pichagens, murais e cartazes. Uma iconografia revolucionária que nas palavras de E.M. de Melo e Castro, “Assim, Portugal se transformou num enorme Poema visual, que todos os dias, durante dois anos, se transformou, porque todos podiam escrever e escreviam: porque todos sabiam ler e liam” (1).

A produção e a colagem massiva de cartazes, em particular nos anos de 1974 e 1975, foram o instrumento preferencial de afirmação e consolidação dos novos protagonistas políticos e sociais, partidos políticos, sindicatos, comissões de moradores e de trabalhadores, associações cívicas e de dinamização cultural, etc. Cruzando os domínios artístico e utilitário, os cartazes afirmaram causas, doutrina e discurso político, esclarecimento, agenda e anúncio de iniciativas.

A montagem-colagem de cartazes, proposta de (re)criar uma alegoria ensaio da iconografia revolucionária de 1974-1975, tem a intenção de mapear de modo anómico uma série de eventos, assuntos, debates políticos e expectativas do período revolucionário em curso. O cartaz político raramente passa à posteridade, responde ao imediato, tem um caracter efémero e uma condição de baixa cultura.

Essenciais como fonte iconográfica para a história deste período, Ernesto de Sousa, em maio 1975, afirmou a necessidade de repensar os cartazes enquanto objetos de uma nova cultura:

«Quando digo que as paredes são um acto cultural positivo é porque elas reflectem não só a capacidade produtiva de quem comete as acções mas também as necessidades de quem as vai receber, esta linguagem vivíssima, que é extremamente bela, é produzida para satisfação imediata de uma necessidade profunda de comunicação. Quem cola um cartaz não satisfaz apenas uma necessidade sua, mas está a satisfazer as necessidades sua e dos outros.(2)»

Paulo Catrica (comissário)

(1) E.M. de Melo e Castro. «Pode-se Escrever com Isto». Colóquio Artes. S. 2, N.º 32, 1977, p. 50.
(2) Ernesto de Souza. «Revolução – Ano I. Para onde vai a Cultura Portuguesa?». Vida Mundial. N.º 1860 (8 maio 1975), p. 33.

#50anos25abril