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Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril cria Exposição no Campo de Concentração do Tarrafal, em Cabo Verde

A Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril concebeu a Exposição «Tarrafal, da repressão à liberdade», no Campo de Concentração do Tarrafal, na Ilha de Santiago, em Cabo Verde, com o intuito de contribuir para preservar a memória histórica da repressão que ali se abateu sobre quase 600 presos políticos de Portugal, Angola, Guiné-Bissau e Cabo Verde, durante mais de 30 anos.

Esta iniciativa assinala os 50 anos da libertação destes detidos, que teve lugar a 1 de maio de 1974. A Exposição foi desenvolvida em cooperação com a Embaixada de Portugal em Cabo Verde, o Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, I.P. e o Instituto do Património Cultural de Cabo Verde.

O projeto será inaugurado na manhã de quarta-feira, dia 1 de maio. Entre os presentes estarão o Presidente da República portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, o Presidente da República de Cabo Verde, José Maria Neves, e um representante do Presidente da República de Angola. Estará também presente a Comissária Executiva da Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril, Maria Inácia Rezola.

A exposição ficará patente ao público a partir dessa data.

Aspeto da entrada do campo de concentração do Tarrafal, autor desconhecido, 1936/1937. Fonte: FMSMB

O símbolo mais significativo do sistema prisional da ditadura

Alfredo Caldeira, curador da iniciativa, afirma: “O Campo de Concentração do Tarrafal, mais tarde crismado de Campo de Trabalho de Chão Bom, permanece como o símbolo mais significativo do sistema prisional da ditadura implantada em Portugal em 1926 e que só foi derrubada em 25 de Abril de 1974. As condições do espaço e a forma como os detidos eram tratados fez com que fosse conhecido como ‘campo da morte lenta’. Passados 50 anos sobre a libertação dos presos aqui detidos, esta Exposição pretende contribuir para a preservação e divulgação da memória histórica do Tarrafal, introduzindo os visitantes do Campo no seu universo histórico, político e social.”

«Tarrafal, da repressão à liberdade» contempla a musealização de três espaços na entrada do Campo, recorrendo a materiais audiovisuais e fotográficos, e a depoimentos sobre diferentes aspetos da vida prisional nas duas fases do Campo, abordando questões essenciais como a violência, a censura, o trabalho forçado e os castigos e, também, a cultura e instrução e a resistência dos presos. O projeto inclui ainda a musealização do espaço de acesso aos pavilhões, com telas abordando aspetos essenciais da criação e funcionamento do Campo e o reforço da biblioteca do Campo com cerca de uma centena de livros de memórias de antigos presos, livros proibidos em Portugal e nas suas antigas colónias, durante a ditadura, estudos e dicionários sobre aquele período.

No âmbito desta evocação, será também publicado o livro «Tarrafal-Presos Políticos e Sociais (1936-1954 e 1961-1974)» e criado um Centro de Documentação online sobre o Tarrafal (www.tarrafal-cdt.org), aberto à consulta pública a partir de 1 de maio de 2024.


Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril até 2026

As Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril tiveram início em março de 2022 e vão decorrer até 2026. Cada ano vai focar-se num tema prioritário, tendo como objetivo reforçar a memória e enfatizar a relevância atual destes acontecimentos na construção e afirmação da democracia.

O período inicial das Comemorações tem sido dedicado aos movimentos sociais e políticos que criaram as condições para o golpe militar. A partir de 2024, os três ‘D’ do Programa do Movimento das Forças Armadas (MFA) começam a ser revisitados, em iniciativas que evocam o processo de descolonização, a democratização e o desenvolvimento.

#50anos25abril