Cinema pela Democracia apoia sete projetos artísticos com 790 mil euros
O programa de Apoio «Cinema pela Democracia» vai atribuir 790 mil euros a sete projetos artísticos cinematográficos e audiovisuais que apelam à comemoração dos 50 anos da Revolução de 25 de Abril de 1974 e à reflexão sobre a sua relevância na construção da democracia.
O concurso Cinema pela Democracia, promovido pela Comissão Comemorativa 50 Anos 25 de Abril em parceria com o Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA) e o Fundo de Fomento Cultural, avaliou as candidaturas de 66 projetos, tendo atribuído apoio financeiro a sete propostas de tipologias diversas, nomeadamente ações de formação e organização de workshops (1 projeto); realização de mostras e ciclos nacionais e internacionais (1 projeto); produção de séries e longas-metragens de ficção (2 projetos); e documentários cinematográficos e audiovisuais (3 projetos).
Os projetos apoiados estão subordinados aos temas “A resistência e a luta contra a ditadura”; “A construção da democracia portuguesa e a modernização do país”; e “Revolução de 1974-1975: o derrube da ditadura; a Revolução (aspetos políticos, culturais, sociais, económicos); a descolonização”.
Documentários: a censura, a mulher que deu nome à Revolução e a correspondência entre Maria Barroso e Mário Soares
«A palavra contra o silêncio», de Cláudia Lobo e Rui Xavier
A censura foi, a par da polícia política, um pilar essencial do Estado Novo. A imprensa estava sujeita a um exame censório prévio, que foi tomando diferentes nomes e formas de atuação, mas manteve sempre os seus objetivos: fazer ignorar a realidade que pudesse, de alguma forma, pôr em causa o regime. Ao longo dos 48 anos de ditadura, muitos jornalistas insurgiram-se contra o lápis azul. É a história desses atos de resistência que o documentário cinematográfico «A palavra contra o silêncio» aborda, alicerçado numa extensa série de entrevistas a jornalistas que trabalharam sob censura e que testemunham, na primeira pessoa, como procuravam formas criativas de transmitir a informação correta.
«Celeste dos Cravos», com argumento original de Vilma Reis e Roberto Faustino, e produção de Tino Navarro e MGN Filmes Lisboa
«Celeste dos Cravos» é um documentário em longa-metragem que conta a história de Celeste Martins Caeiro, “a mulher que transformou involuntariamente o cravo no símbolo da Revolução de 1974”. Apoiado em acervos públicos e particulares, entrevistas e pequenas reconstituições com animação, esta obra parte da história que distinguiu a vida de Celeste Martins Caeiro entrelaçando-a com os aspetos políticos e sociais daquele período. O filme é narrado em cinco atos, a começar pelo contexto familiar onde nasceu, no bairro lisboeta da Mouraria, a 2 de maio de 1933, terminando em 2024, o ano em que a Revolução dos Cravos completa 50 anos e Celeste Caeiro, com 90 anos, voltou para as ruas com um cravo nas mãos.
«Querido Mário», de Graça Castanheira
O documentário “Querido Mário” parte da correspondência de Maria Barroso, que escreveu quase diariamente a Mário Soares durante os períodos de separação forçada entre o casal – primeiro, quando este esteve preso, depois deportado e, por fim, no exílio –e estabelece um diálogo entre estas cartas e os eventos políticos e sociais da época e a ação política de Mário Soares.
A linha narrativa de «Querido Mário» começa no encontro entre os dois, atravessa os tempos de luta quotidiana e política, culminando no 25 de Abril, “o dia sonhado”, no regresso de Soares a Portugal e o seu discurso no primeiro 1 de Maio livre.
Uma longa-metragem e uma série de ficção: mulheres na luta antifascista e a busca de identidade e pertença de afrodescendentes
«Coragem hoje, abraços amanhã», de Joana Brandão
Longa-metragem de ficção, em 3 atos, baseada em factos reais vividos por mulheres, na sua luta antifascista, durante os 48 anos de ditadura.
O guião tem como base o monólogo com o mesmo título, escrito, encenado e interpretado por Joana Brandão (vencedor do 2.º Melhor Texto Escrito para Teatro, em 2014, nos Prémios SPA), elaborado a partir de testemunhos reais de mulheres que foram presas e torturadas de polícia política do Estado Novo.
A história acompanha sete mulheres, representações simbólicas de tantas outras, no momento em que são presas. A narrativa segue com três dessas mulheres, durante os períodos do interrogatório e da tortura, terminando a seguir apenas uma delas, na prisão, até ao dia da Liberdade.
«Novas Narrativas de Caça», de Many Takes e Galo Bravo
A série “Novas Narrativas de Caça” é uma antologia composta por sete histórias independentes ligadas pelo seu tema – a busca de identidade e pertença de personagens portugueses afrodescendentes que lutam para fazer parte de uma sociedade que muitas vezes os ignora e oprime.
Neste projeto, que convida a reflexões e debates sobre inclusão na sociedade portuguesa do futuro, todos os episódios são criados por jovens artistas afrodescendentes com experiência reconhecida nas áreas do cinema, escrita e teatro, como Gisela Casimiro, Cláudia Semedo e Diogo Carvalho.
Ciclos e mostras, formação, conferências e workshops
«Ontem e hoje: as imagens de Abril», da Casa da Esquina
O projeto «Ontem e hoje: as imagens de Abril» concretiza-se em três atividades: a edição de um documentário sobre o fotojornalista da Revolução, Eduardo Gageiro; a dinamização de um workshop prático em cinema durante o qual serão produzidos 12 pequenos filmes inspirados nas imagens fotográficas presentes no documentário; e a exibição, na rede das entidades parceiras, dos filmes produzidos no workshop, bem como de um documentário sobre todo o respetivo processo criativo.
Este é um projeto que se desenvolve na região centro, em concreto na região de Coimbra.
«25 de Abril em Curtas», de Curtas Metragens CRL
O Projeto “25 de Abril em Curtas” propõe-se explorar, através da exibição de curtas-metragens portuguesas de 1993 até ao presente, as temáticas da Revolução de Abril de 1974, do colonialismo e Guerra Colonial, bem como da resistência e luta antifascista.
Com o objetivo de dar a conhecer a história recente do cinema português na sua relação com a revolução de Abril de 1974, procura levar filmes de curta-metragem de géneros diversos (ficção, documentário, animação, experimental) a todo o território nacional, incluindo estabelecimentos de vários ciclos de ensino, chegando a 30 localidades, com 80 sessões, e 20 países, propondo a sua exibição em festivais ou outros eventos.