Dia 1 de maio de 1931, foi efetuado o levantamento dos carris do caminho-de-ferro para descarrilamento do comboio, entre os lugares de Simões e Lourenços, assim como o corte das linhas telefónicas e telegráficas, entre Redinha e Pombal. Estes sourenses têm consigo armas e explosivos.
Na sequência de uma alteração de última hora, o comboio não passou. Mas a ação estava em marcha e todos são identificados, perseguidos e presos durante o mês de maio, sendo deportados, no barco “Gil Eanes”, no dia 27 de junho de 1931, para Timor. Alojados no porão do navio, chegam a Timor depois de quatro meses de viagem e são transportados para os campos de concentração, construídos em zona pantanosas. (v. Deportados de Rui Grácio)
RAÚL MADEIRA, licenciado com 19 valores, em Medicina na UC.Convidado para assistente, não aceita e concorre ao lugar de médico municipal em Soure. Participante em movimentos que se opunham ao regime, desde o tempo da faculdade. Foi preso e deportado para os Açores, Cabo Verde e, em 1931, para Timor. Integra a Comissão de Honra da candidatura do General Humberto Delgado em 1958. Enquanto deportado em Timor, ocupa o lugar de médico do campo e inicia um processo de denúncia por falta de condições dos campos, escrevendo cartas para o Ministro do Interior, para a Liga dos Combatentes da Grande Guerra e para sua mulher, pedindo que denuncie a falta de condições dos prisioneiros em Timor.
LINO GALVÃO, ferreiro de profissão, associou-se ao Dr. Raúl Madeira, tendo” feito as chaves para o referido levantamento”. Em Timor esteve em Oecussi, regressa a Soure em novembro de 1932, por opinião da Junta de Saúde de Díli.
JOÃO OLIVEIRA, escrivão de direito no tribunal de Soure, lugar que perde depois da deportação para Timor. Considerado um homem que se bateu pelos ideais republicanos e democratas. Regressa a Soure em 1939 e não recupera o seu lugar na administração pública.
JOSÉ O’NEILL e Raúl Madeira, depois dos campos de concentração terem sido fechados por falta de condições, fogem de Timor, em barcos holandeses, e refugiam-se em Espanha, como exilados políticos. Depois do seu regresso, O’Neill, é acolhido na Fábrica de Fiação de Paleão. O atual edifício do Centro de Inovação Social foi mandado construir pelo pai de José O’Neill, médico da Armada Portuguesa, o qual perderam.
Joaquim Lourenço Fernandes, natural de Viana do Castelo, em Soure passou a ser conhecido como Joaquim “Viana”. É amnistiado, regressa a Soure em 1933. Mais tarde torna à sua terra natal.