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As ditaduras salazarista e franquista, nascidas respetivamente em 1926 e 1936, contemporaneamente às de Mussolini e Hitler, entraram em crise nos anos 60. O mundo passara a ser muito diferente: os povos asiáticos e africanos demoliam o colonialismo e a luta contra o racismo e pelos direitos das mulheres avançava por todo o mundo.

A crise das duas ditaduras começou antes ainda da substituição de Salazar por Marcelo Caetano (1968) em Portugal, ou da morte de Carrero Blanco (1973) e de Franco (1975) em Espanha. O início da Guerra Colonial (1961) portuguesa em África ou as execuções de opositores políticos que levaram a nova fase de isolamento internacional de Franco foram acompanhados de um lado e doutro da fronteira por greves e contestação nas universidades, nos campos e nas fábricas. A industrialização, o crescimento acelerado das grandes cidades, a emigração para outros países europeus, sobretudo a França, ou o aumento da escolarização, minaram definitivamente a estabilidade das ditaduras. Desafiadas por quem combatia pela democracia, estas foram respondendo com estratégias contraditórias, encenando “reformas” políticas (a “Primavera” marcelista em Portugal, a proclamação de Juan Carlos de Borbón como “Príncipe de Espanha”) ao mesmo tempo que agravavam a repressão. Nenhuma das duas funcionou.

Salazar sofre um AVC e é internado a 6 de setembro de 1968. O Diário de Lisboa produz em outubro de 1969 uma capa a antecipar uma edição sobre a sua morte que nunca chegou a sair. Ao lado, a capa do mesmo jornal sobre o falecimento do ditador em julho 1970. ANTT, Diário de Lisboa, Arquivo Fotográfico, pasta avulsa, doc. 1 / PT/TT/FDL/001/000030 Salazar sofre um AVC e é internado a 6 de setembro de 1968. O Diário de Lisboa produz em outubro de 1969 uma capa a antecipar uma edição sobre a sua morte que nunca chegou a sair. Ao lado, a capa do mesmo jornal sobre o falecimento do ditador em julho 1970. ANTT, Diário de Lisboa, Arquivo Fotográfico, pasta avulsa, doc. 1 / PT/TT/FDL/001/000030
27 de julho de 1970 / ANTT, Diário de Lisboa, SEC PP 144 27 de julho de 1970 / ANTT, Diário de Lisboa, SEC PP 144
"Ogro" foi o nome que o Comando Txikia, constituído por três membros da ETA, deu à operação preparada durante meses para assassinar Carrero Blanco. O delfim de Franco, que o Caudillo nomeara Presidente do Governo em sua substituição em junho de 1973, foi morte a 20 de dezembro de 1973. Franco exigiu, sem sucesso, ao Governo francês a extradição dos responsáveis. AGA, 12-08379-0004
A morte de Franco (20 novembro 1975), ao fim de uma prolongada agonia, desencadeou o processo previsto na Lei de Sucessão. Juan Carlos de Borbón, designado Príncipe de Espanha em 1966, sucedia ao Caudillo como Rei. AGA, F.3303,2 A morte de Franco (20 novembro 1975), ao fim de uma prolongada agonia, desencadeou o processo previsto na Lei de Sucessão. Juan Carlos de Borbón, designado Príncipe de Espanha em 1966, sucedia ao Caudillo como Rei. AGA, F.3303,2
As cheias de novembro de 1967 abalaram a ditadura. Centenas de estudantes participaram nas operações de apoio às populações sinistradas, como neste caso em Alhandra. Esta experiência foi reprimida pelo regime e radicalizou os estudantes. Fonte: ANTT, Empresa Pública Jornal O Século, Álbuns Gerais n. 178, doc. 2966AS / PT/TT/EPJS/SF/001-001/0178/2966AS As cheias de novembro de 1967 abalaram a ditadura. Centenas de estudantes participaram nas operações de apoio às populações sinistradas, como neste caso em Alhandra. Esta experiência foi reprimida pelo regime e radicalizou os estudantes. Fonte: ANTT, Empresa Pública Jornal O Século, Álbuns Gerais n. 178, doc. 2966AS / PT/TT/EPJS/SF/001-001/0178/2966AS
Passagem da fronteira a salto de um grupo de desertores que tira uma fotografia no marco da Amoreira, 23 de agosto de 1970, entre Portugal e Espanha. Calcula-se que tenham desertado mais de 9 mil portugueses mobilizados à força para a guerra colonial. Fonte: [Ourense, 1970] - Fundo Fernando Mariano Cardeira, Imagem cedida pelo Centro Português de Fotografia, PT/CPF/FMC/001/0010/000024

Coleção de postais considerados pela PIDE “contrários ao prestígio de Portugal”, pelos quais o caricaturista José Vilhena foi processado pela polícia política a 11 de junho de 1964. Os exemplares distribuídos foram apreendidos.

PIDE/DGS Processo-Crime José Alfredo Vilhena Rodrigues / ANTT, PIDE/DGS - Processo crime n.º 1072/64, NP5650, fl. 1

Ilustrações José Alfredo Vilhena ANTT, PIDE/DGS - Processo crime n.º 1072/64, NP5650, fl. 19-24

Em 1972, dez dirigentes das Comisiones obreras foram presos pela polícia franquista num convento em Pozuelo de Alarcón. Ao fim de uma no e meio na prisão, foram condenados em dezembro de 1973 a penas entre os 12 e 20 anos de cadeia.

Fonte: CDHM, CAJA 42.6177, EXP.1

Cartaz feito durante a vigília de 48 horas organizada por um grupo de católicos contra a Guerra Colonial e pela paz, no dia 30 de dezembro de 1972. A vigília é interrompida pela polícia, Catorze participantes ficam detidos no Forte de Caxias.

Fonte: PIDE/DGS Processo-Crime Nuno Teotónio Pereira / ANTT, PIDE/DGS – Processo crime n.º 1/73, NT6352 vol.1, fl. 15

Transcrição de uma escuta da PIDE/DGS a um telefonema de 2 de janeiro de 1973 entre Sá Carneiro e Magalhães Mota, deputados da Ala Liberal. Na conversa é abordada a saída do primeiro número do semanário Expresso, a situação na SEDES e as prisões na vigília da Capela do Rato.

ANTT, PIDE/DGS, Serviços Centrais, CI(3),s.n., NT1383 Fonte: ANTT, PIDE/DGS, Serviços Centrais, CI(3),s.n., NT1383

Seguindo o modelo do MFA português, a União Militar Democrática (UMD) foi criada clandestinamente em setembro de 1974 com o objetivo de libertar os presos políticos e convocar eleições livres. Chegou a ter 200 a 400 membros. Os seus principais dirigentes foram presos em julho de 1975.

Fonte: CDHM, PHO, SFO, 241 Fonte: CDHM, PHO, SFO, 241

 

A 3 de março de 1976, a polícia disparou fogo real sobre os operários em greve reunidos na igreja de San Francisco de Asis, em Vitoria (País Basco), matando cinco pessoas e ferindo mais de 150.

AGA, 44, 13475

A Coordenadora de Organizações Sindicais, que reunia as Comisiones Obreras, a UGT e a USO (todas ilegais), convocou um greve geral em 12 de novembro de 1976 para exigir liberdades democráticas e amnistia.

AGA, 44, 13480.0010

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