Skip to main content

Os portugueses e os espanhóis que construíram e protagonizaram a mudança democrática eram muito diferentes daqueles a quem, 40 anos antes, a ditadura salazarista fora imposta ou que sobreviveram aos anos terríveis da guerra e da pós-guerra espanhola. A economia mudara de forma estrutural mas num contexto de pobreza, de falta de expectativas dos jovens trabalhadores e estudantes sujeitos às regras apertadas do autoritarismo, ou à guerra que, no caso português, os arrastava para África. Tudo isto fez com que, desde o final dos anos 50, milhões de mulheres e homens deixassem o campo e as aldeias do interior e tentassem mudar de vida quer nas grandes cidades portuguesas e espanholas, quer em França e na Alemanha.

A conquista da democracia, além de se fazer no campo político e social (pelo direito de associação sindical e de greve, pelo direito a uma habitação digna), fez-se também de forma muito marcada em torno de batalhas (nos anos 70 mais intensas em Espanha que em Portugal) que duravam havia muito tempo: contra a censura e a repressão cultural e sexual, pelos direitos cívicos, políticos e reprodutivos das mulheres (divórcio, contraceção, o aborto) e das minorias LGBTI+.

Turismo (1958). O boom do turismo de férias mudou a perceção internacional da Espanha (alimentada pelo slogan franquista “Spain is different”), ao mesmo tempo que espelhou a melhoria das condições de vida das novas classes médias. Fonte: CDMH, VICENTE_NIETO_CANEDO_1_0623 (foto de Vicente Nieto; nota autor: Turismo (1958). O boom do turismo de férias mudou a perceção internacional da Espanha (alimentada pelo slogan franquista “Spain is different”), ao mesmo tempo que espelhou a melhoria das condições de vida das novas classes médias. Fonte: CDMH, VICENTE_NIETO_CANEDO_1_0623 (foto de Vicente Nieto; nota autor: "Irún – Fuenterrabía-Espigón, agosto de 1958. Mari y lobos de mar")
Barracas (1963). As mudanças socioeconómicas dos anos 60 e 70 provocaram a migração de milhões de espanhóis dos campos para as cidades (bem como para outros países europeus). A habitação tornou-se um dos problemas sociais mais difíceis neste período e constituiu um dos motivos da contestação social. Fonte: CDMH, VICENTE_NIETO_CANEDO_2_1541 (fotografia de Vicente Nieto, nota autor: 7 de abril de 1963) Barracas (1963). As mudanças socioeconómicas dos anos 60 e 70 provocaram a migração de milhões de espanhóis dos campos para as cidades (bem como para outros países europeus). A habitação tornou-se um dos problemas sociais mais difíceis neste período e constituiu um dos motivos da contestação social. Fonte: CDMH, VICENTE_NIETO_CANEDO_2_1541 (fotografia de Vicente Nieto, nota autor: 7 de abril de 1963)

Nota do autor da foto: “As malas são um dos elementos da nossa vida através dos quais vemos como o tempo passa, mas as caixas de cartão atadas com corda são outra coisa. Foi fascinante ver como as pessoas conseguiam sair dos comboios naquela época com galinhas, sacos de comida… e caixas de cartão.”

Fonte: CDMH, FOTOGRAFÍAS_ENRIQUE_CANO,1,24 (fotografia de Enrique Cano)



O Último Tango em Paris, do realizador italiano Bernardo Bertolucci, foi um dos filmes emblemáticos do fim da censura depois do 25 de abril. Algumas salas, como esta em Portimão, faziam recomendações os espetadores quanto ao seu comportamento.

Cinemateca Portuguesa, pr 8206; CH13_7387

Manifestação no Porto, em outubro de 1975, em defesa do Serviço de Apoio Ambulatório Local (SAAL), um programa público de construção habitacional surgido após a Revolução, que propunha colmatar as necessidades habitacionais de populações desfavorecidas no espaço urbano. O SAAL foi extinto em outubro de 1976.

 


ANTT, Diário de Lisboa, Arquivo Fotográfico, cx. 028 do ficheiro Temático, pasta SAAL, doc. 1

A 31 de outubro de 1975, o Conselho da Revolução aprova um documento sobre “O reconhecimento do direito ao controlo organizado da produção pelos trabalhadores em todos os ramos da actividade da economia nacional”. O princípio do controlo operário foi inscrito na Constituição aprovada em 1976.

O festival reuniu algumas das mais destacadas vozes da música de intervenção em espanhol, catalão, basco e português, e contou com a participação dos portugueses Zeca Afonso e Luís Cília.

Fonte: CDMH, FOTOGRAFÍAS_ENRIQUE_CANO,1,14 (fotografia de Enrique Cano)

A movida representou uma rutura com a cultura autoritária do franquismo. Para o autor da fotografia, “a mistura cultural [da «movida»] era divertida e curiosa, mas como tudo o que é diferente, não se misturava. Havia os credenciados, como os donos de La Movida, e depois havia o resto”.


Comício da Associação da Mulher em defesa do direito ao divórcio (Madrid, 19 de maio de 1977). Reivindicado pelos movimentos feministas e pelos partidos de esquerda, foi rejeitada a sua inclusão na Constituição, mas acabou por ser aprovado pelo Parlamento em 1981.

Fonte: AGA, 33-01304-00032-004 (fotografia Cifra Gráfica)
Fonte: AGA, 33-01304-00032-004 (fotografia Europa Press)

Manifestação de movimentos feministas e centrais sindicais em defesa da consagração dos direitos reprodutivos e da mulher em geral na Constituição (Madrid, 4 de maio de 1978). A direita conseguiu opor-se com sucesso a que direitos reprodutivos e divórcio fossem constitucionalizados.

Janeiro de 1979. Assalariadas rurais do Alentejo leem as notícias do dia. Desde havia dois anos que a aplicação da Lei Barreto procurava desmantelar a Reforma Agrária iniciada em 1975, na qual as camponesas alentejanas tiveram uma participação essencial.

Fonte: ANTT, Diário de Lisboa, Arquivo Fotográfico, cx. 001, (Reforma Agrária) do ficheiro Temático, pasta Reforma Agrária, doc. 56
 PT/TT/FDL/001/000029
Fonte: ANTT, Diário de Lisboa, Arquivo Fotográfico, cx. 001, (Reforma Agrária) do ficheiro Temático, pasta Reforma Agrária, doc. 56
PT/TT/FDL/001/000029

#50anos25abril