Livro sobre o Encontro dos Liberais apresentado esta terça-feira em Lisboa
A Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril, em parceria com a Imprensa Nacional-Casa da Moeda (INCM), apresenta esta terça-feira, dia 15 de outubro, às 18h00, em Lisboa, o livro «Encontro dos Liberais, 1973: 50 Anos Depois». Esta obra – uma coletânea de ensaios organizada pelo historiador António Araújo – é uma peça relevante para se compreender o ambiente político e social que antecedeu o 25 de Abril.
A sessão tem lugar na Biblioteca da INCM, na Rua da Escola Politécnica, n.º 135, e conta com a participação de Duarte Azinheira, administrador da INCM, de Maria Inácia Rezola, Comissária Executiva da Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril, de António Araújo, historiador, e de André Paris, investigador, que fará a apresentação da obra. A entrada é livre.
Reflexões sobre o caminho até ao fim da ditadura
“O programa da Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril procura refletir o caráter plural e multifacetado da nossa democratização. Para tal, é fundamental recordar o papel de diferentes atores no caminho que levou ao fim da ditadura, no qual não se deve ignorar o contributo do «Encontro dos Liberais», retratado nas páginas deste livro. Revisitar e aprofundar o conhecimento sobre o caminho percorrido é uma forma de celebrar a conquista e a construção da Democracia, refletindo e dando a conhecer o passado, mas também perspetivando os desafios que o futuro nos coloca,” afirma Maria Inácia Rezola, Comissária Executiva das Comemorações.
“Nos 50 anos da celebração dos «Encontros dos Liberais», prenúncio de uma revolução há muito esperada, a Imprensa Nacional orgulha-se de se associar à Comissão para as Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril e editar esta coletânea de ensaios, superiormente organizada por António Araújo. A memória é o principal reduto da democracia,” declara Duarte Azinheira, administrador da INCM.
O livro está à venda em livrarias por todo o país, incluindo nas livrarias da INCM em Lisboa, Porto e Coimbra, e na sua loja virtual (loja.incm.pt/collections/livros-imprensa-nacional).
Uma reflexão política na última etapa do Marcelismo
O livro conta com prefácio de Maria Inácia Rezola (“Por uma democracia pluripartidária: o encontro dos liberais, 50 anos depois”) e inclui os textos “Portugal 73: só podia correr mal”, de António Araújo; “Liberalização política de regimes autoritários: o marcelismo e a Ala Liberal (1969-1974)”, de Tiago Fernandes; “Ultras, reformistas e liberais: o debate na Assembleia Nacional sobre a revisão constitucional de 1971”, de Rita Almeida de Carvalho e João Francisco Pereira; “Os cinco processos de Balsemão no arquivo da PIDE/DGS”, de José Pedro Castanheira; “João Pedro Miller Guerra: pensar e agir”, de Ana Paula Pires; e “Melo e Castro, o homem que sonhava com a mudança de regime sem revolução e pai da ‘Ala Liberal’”, por Joana Reis. A estes textos junta-se a transcrição do livro Encontro de Reflexão Política (Moraes, 1973), editado pelos três promotores do evento: Joaquim Magalhães Mota, Tomás Oliveira Dias e José da Silva.
Uma convergência inédita de intelectuais, políticos e militares
O Encontro de Reflexão Política tem lugar na última etapa do Marcelismo, poucos meses antes do 25 de Abril. Por ser promovido pelos deputados da Ala Liberal Joaquim Magalhães Mota e Tomás Oliveira Dias, ficou conhecido como “Encontro dos Liberais”. Entre os participantes estiveram, por exemplo, Francisco Pinto Balsemão e Marcelo Rebelo de Sousa.
Durante os dias 28 e 29 de julho de 1973 – em sessões de trabalho que totalizaram cerca de 16 horas – deputados à Assembleia Nacional, ex governantes, candidatos da Comissão Eleitoral de Unidade Democrática (CEUD), monárquicos, altos funcionários públicos e quadros de empresas discutiram a situação do país.
A iniciativa daria um sinal público sobre o desconforto de importantes setores das elites portuguesas quanto ao rumo que o regime levava, e que, meses depois, acabaria por precipitar a sua queda.
Dossiê histórico disponível online
A Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril tem ainda disponível online um dossiê histórico sobre o tema, que percorre também as eleições de 1969, de 1972 e de 1973; a criação do semanário Expresso; a Ala Liberal e a sua atividade parlamentar, bem como a criação da SEDES, Associação para o Desenvolvimento Económico e Social. Pode ser consultado em 50anos25abril.pt/historia/encontro-dos-liberais-50-anos-depois/
Sobre a Imprensa Nacional
A Imprensa Nacional cumpriu mais de 250 anos de atividade de edição livreira, um percurso iniciado em 1768 com o estabelecimento da Imprensa Régia, que passa em 1833 a designar-se Imprensa Nacional. Em 1972 passou a ser parte integrante da Imprensa Nacional-Casa da Moeda (INCM), uma sociedade anónima de capitais públicos. Herdeira de uma ampla experiência editorial e de um vastíssimo catálogo, a preservação e divulgação da memória e do património comuns da língua e da cultura portuguesas, aliadas a uma contínua renovação, constituem a missão. A renovação aliada à memória: a par de obras e autores consagrados, de temas e coleções tradicionais, surgem novos autores e inauguram-se coleções que conferem à linha editorial da editora pública o timbre que a mantém em consonância com a contemporaneidade e com a prestação de um serviço público.
Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril até 2026
As Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril tiveram início em março de 2022 e vão decorrer até 2026. Cada ano foca-se num tema prioritário, tendo como objetivo reforçar a memória e enfatizar a relevância atual destes acontecimentos na construção e afirmação da democracia. O período inicial das Comemorações foi dedicado aos movimentos sociais e políticos que criaram as condições para o golpe militar.
A partir de 2024, revisitam-se os três ‘D’ do Programa do Movimento das Forças Armadas (MFA), em iniciativas que evocam o processo de descolonização, a democratização e o desenvolvimento.