Exposição «Desconstruir o Colonialismo, Descolonizar o Imaginário» inaugura no Museu Nacional de Etnologia, em Lisboa
Fotografias: Iria Simões © MMP, E.P.E.
A exposição «Desconstruir o Colonialismo, Descolonizar o Imaginário: O Colonialismo Português em África – Mitos e Realidades» foi inaugurada no passado dia 29 de outubro e estará patente ao público até 2 de novembro de 2025, no Museu Nacional de Etnologia, em Lisboa. Pode ser visitada de terça-feira (14h00-18h00) a domingo, das 10h00 às 18h00.
É uma iniciativa do Centro de Estudos sobre África e Desenvolvimento (CESA/ISEG-Universidade de Lisboa) em colaboração com o Museu Nacional de Etnologia e com o apoio da Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril.
Concebida e coordenada pela historiadora Isabel Castro Henriques, a exposição visa explorar e questionar as bases do colonialismo português em África, especialmente entre os séculos XIX e XX. Propõe uma análise crítica dos mitos criados pela ideologia colonial, promovendo a descolonização dos imaginários e contribuindo para uma renovação acessível e pedagógica do entendimento sobre a questão colonial portuguesa.
A mostra reúne textos, imagens e objetos que buscam explicar e contextualizar o fenómeno colonial, incluindo uma seleção de arte africana do acervo do Museu Nacional de Etnologia, que destaca a vitalidade e originalidade das culturas africanas em contraste com as narrativas desvalorizantes europeias. São também exibidas obras contemporâneas de artistas africanos como Lívio de Morais, Hilaire Balu Kuyangiko e Mónica de Miranda.
Evocar a Descolonização para comemorar 50 anos de liberdade e democracia
A exposição insere-se no programa das Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, que decorre de 2022 a 2026. Estas Comemorações, iniciadas em março de 2022 – momento em que a democracia portuguesa passou a contar mais dias do que a ditadura –, têm como objetivo reforçar a memória e sublinhar a relevância atual dos acontecimentos que consolidaram a democracia. Em 2024, ano em que se assinalam os 50 anos da Revolução dos Cravos, o foco das Comemorações está no primeiro dos três ‘D’ propostos pelo MFA: a Descolonização. Esta exposição, ao promover uma reflexão crítica sobre o colonialismo português em África, contribui para este momento de reflexão e reafirmação da importância histórica do processo de descolonização na construção de uma sociedade mais democrática e inclusiva.
A cerimónia de inauguração contou com intervenções de Paulo Ferreira da Costa, diretor do Museu Nacional de Etnologia e do Museu de Arte Popular; Isabel Castro Henriques, historiadora e coordenadora da exposição; Eduardo Moraes Sarmento, presidente do CESA; Alexandre Pais, presidente da Museus e Monumentos de Portugal, E.P.E. e Maria de Lurdes Craveiro, Secretária de Estado da Cultura.
Cerca de trinta investigadores contribuíram para os textos e imagens expostos, entre os quais se destacam Diogo Ramada Curto, Fernando Rosas, Margarida Calafate Ribeiro, Rosa Cruz e Silva e Victor Barros. A Comissão Executiva, presidida por Isabel Castro Henriques, inclui Inocência Mata, Joana Pereira Leite, João Moreira da Silva, Luca Fazzini e Mariana Castro Henriques, enquanto a Comissão Científica é composta por especialistas como António Pinto Ribeiro, Aurora Almada Santos, Elsa Peralta, Isabel do Carmo e José Neves. Um catálogo da exposição está disponível, oferecendo uma visão aprofundada dos conteúdos e temas apresentados.
Como parte desta iniciativa, serão realizadas exposições itinerantes em escolas e centros culturais em Portugal e em países de língua portuguesa, bem como um ciclo de conversas no Museu Nacional de Etnologia sobre racismo, historiografia africana e independências africanas. Em paralelo, em parceria com o CESA/ISEG-UL, decorrerá o ciclo Cinema e Descolonização, com projeções sobre a realidade pós-colonial.
Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril até 2026
As Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril tiveram início em março de 2022 e vão decorrer até 2026. Cada ano foca-se num tema prioritário, tendo como objetivo reforçar a memória e enfatizar a relevância atual destes acontecimentos na construção e afirmação da democracia.
O período inicial das Comemorações foi dedicado aos movimentos sociais e políticos que criaram as condições para o golpe militar. A partir de 2024, revisitam-se os três ‘D’ do Programa do Movimento das Forças Armadas (MFA), em iniciativas que evocam o processo de descolonização, a democratização e o desenvolvimento.