No período que se seguiu à Revolução do 25 de Abril de 1974, foram delineados diversos programas de natureza pública e privada que procuraram elevar a condição social, económica e cultural dos portugueses. São desta natureza iniciativas como o Serviço Cívico Estudantil, as Campanhas de Alfabetização, a Educação Sanitária, o Serviço Ambulatório de Apoio Local (SAAL), o Serviço Médico à Periferia ou as Campanhas de Alfabetização da Pró-UNEP. É também neste âmbito que se enquadram as Campanhas de Dinamização Cultural e Ação Cívica do Movimento das Forças Armadas (MFA).
Assumindo-se como força libertadora de uma população reprimida durante quase 50 anos de ditadura, o MFA, com a colaboração da Direção Geral da Cultura Popular e Espetáculos, promoveu e organizou as Campanhas de Dinamização Cultural: «era preciso explicar ao povo português o programa do MFA» (Manuel Begonha).
Partilhavam a convicção de que, através das Campanhas de Dinamização Cultural, as populações locais veriam as suas necessidades atendidas e, simultaneamente, seriam chamadas a aderir ao projeto revolucionário em curso e a estreitar a sua relação com as Forças Armadas, até então vistas como parte do aparelho repressivo do Estado Novo.
As Campanhas destinavam-se sobretudo às populações rurais do interior – consideradas as mais carenciadas do país –, e das zonas de fronteira com a Espanha, ainda sob o Franquismo. Tiveram lugar entre outubro de 1974, depois do 28 de Setembro e do afastamento do então Presidente da República António de Spínola, e novembro de 1975, quando as forças político-militares de esquerda começaram a perder terreno.
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Campanha de Dinamização Cultural e Ação Cívica do MFA em Castelo Branco
Campanha de Dinamização Cultural e Ação Cívica do MFA em Castro Daire – Parte I
Campanha de Dinamização Cultural e Ação Cívica do MFA em Castro Daire – Parte II
https://historiadastransmissoes.com/coronel-cruz-fernandes-uma-notavel-historia-de-vida-3/
Entrevista com Manuel Begonha, programa gravado na Antena 2, 2 de abril de 1999.
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«Castro Daire em 1974, após o 25 de Abril», testemunho do capitão Cruz Fernandes, 9 de fevereiro de 2016.
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