Em outubro de 1974, é criado um grupo de trabalho que tinha por objetivo a elaboração de um plano que definisse as grandes opções e linhas estratégicas na área económico-social. O grupo é liderado pelo ministro sem pasta Ernesto Melo Antunes, que já havia ocupado lugares de destaque na redação do Programa do MFA e no processo de descolonização. Incluía também Rui Vilar, ministro da Economia; Silva Lopes, ministro das Finanças; Maria de Lourdes Pintasilgo, ministra dos Assuntos Sociais e Vítor Constâncio, secretário de estado do Planeamento.
A proliferação de mundivisões e de projetos políticos para o país, própria do processo revolucionário que Portugal experimentava, fez com que a elaboração do documento fosse longa e conturbada. Um dos episódios que maior tensão gerou foi a publicação, a 12 de novembro, no Boletim Movimento (da 5.ª Divisão de Estado-Maior General das Forças Armadas), de um artigo que coloca em causa o trabalho em curso, provocando um amplo mal-estar na equipa encarregada de elaborar o programa e levando a ameaças de demissão entre os membros do governo envolvidos.

Segundo Melo Antunes, o Programa de Política Económica e Social pugnava por uma via de esquerda moderada, que não redundasse na adoção do modelo capitalista nem nas políticas económicas coletivistas do bloco soviético. A opção por uma via moderada era ainda justificada pela ausência de uma legitimidade eleitoral-democrática que sustentasse a proposta.
O Conselho dos 20 ou Conselho Superior da Revolução discute o Programa de Política Económica e Social.
Lisboa, 17 de janeiro de 1975. Fonte: ANTT, Coleção Flama.