A contestação à Guerra Colonial só tardiamente entrou no catálogo das reivindicações do movimento estudantil.
Até ao final da década de sessenta, são praticamente inexistentes as manifestações de cariz anticolonial no seio das universidades, destacando-se as manifestações contra a Guerra do Vietname, no Porto e em Lisboa, em janeiro e fevereiro de 1968, que procuraram atingir também o colonialismo português. Na crise de 1969 a reivindicação do fim da guerra nunca se colocou entre as reivindicações dos estudantes.


Só no início da década de setenta é que o movimento estudantil passou a adotar um discurso abertamente anticolonial.
Sucedem-se as manifestações contra a guerra e de solidariedade com a luta independentista das colónias. A opção pela ida à guerra ou pela deserção impunha-se a toda uma geração de jovens, que via os seus sonhos e o seu futuro hipotecado por uma “escolha impossível”. Entre 1961 e 1974, foram mobilizados 800 mil jovens para Angola, Guiné e Moçambique. Cerca de 9 mil decidiram desertar. Estima-se que tenham existido entre 10 a 20 mil refratários e que cerca de 200 mil jovens tenham faltado à inspeção. Na década de 70, cerca de 20% dos jovens que deveriam comparecer à inspeção já tinham abandonado o país. Trata-se de toda uma geração marcada pela Guerra Colonial.
