25 de Abril: Comissão inaugura Exposição «“Haverá Eleições”. 1975: as primeiras eleições livres em Portugal»

A Exposição «“Haverá Eleições”. 1975: as primeiras eleições livres em Portugal», uma iniciativa conjunta da Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril, da Assembleia da República e da Fundação Calouste Gulbenkian, aborda as primeiras eleições livres e com sufrágio universal em Portugal, realizadas a 25 de abril de 1975. Estará patente entre 22 de abril e 31 de outubro na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
A cerimónia de inauguração terá lugar no dia 22 de abril, às 16h00, e contará com a presença do Presidente da República. Segue-se a realização de uma visita guiada pelos curadores, a cineasta Catarina Vasconcelos e o politólogo Pedro Magalhães. Às 18h00, será apresentado o documentário «Haverá Eleições», de Cláudia Varejão, seguido de uma sessão de testemunhos com a participação de Helena Roseta, Luís Costa Correia e José de Guimarães. A entrada é livre.
Maria Inácia Rezola, Comissária Executiva, recorda a importância deste momento: «A 25 de abril de 1975, um ano após o derrube da ditadura, realizam-se as primeiras eleições livres, por sufrágio direto e universal. São as mais concorridas e participadas eleições da história da democracia portuguesa, com uma afluência de 92% dos cidadãos recenseados. Estas eleições conferem uma nova legitimidade aos partidos políticos e aos defensores da via democrática parlamentar, possibilitando a convocação de uma Assembleia Constituinte, responsável pela elaboração da Constituição Portuguesa de 1976. Estas eleições constituem um momento central da história da construção da democracia portuguesa.»
Da Ditadura à Democracia
A exposição organiza-se em seis núcleos temáticos que percorrem o caminho da conquista do direito ao voto livre em Portugal. O primeiro, «As eleições antes do 25 de Abril», revela como, ao longo de mais de 150 anos de história eleitoral em Portugal, o direito ao voto esteve sempre fortemente condicionado. Este núcleo revisita um passado marcado por exclusão e repressão, sobretudo durante o regime do Estado Novo (1933-1974), sublinhando também a luta dos que aspiraram a um sistema verdadeiramente democrático. O segundo núcleo, «A promessa de eleições», explica a génese do programa do Movimento das Forças Armadas e o lugar de destaque que nele era dado à realização de eleições livres, no prazo máximo de um ano após o derrube da ditadura. O terceiro núcleo, «Concretizar o prometido», revela o enorme esforço necessário para organizar essas eleições num curto período de tempo desde a produção de nova legislação, até à criação das condições logísticas que permitissem a milhões de portugueses, muitos deles a votar pela primeira vez, expressarem a sua vontade política. Em «Haverá eleições?», o quarto núcleo da exposição, explora os dilemas, conflitos e decisões que quase adiaram o momento mais aguardado da revolução: a entrega ao povo português da capacidade de decidir o seu futuro através do voto. O quinto núcleo, «Os partidos e a campanha», mostra como este período foi de intensa mobilização política e social, revisitando os momentos marcantes desde a legalização dos partidos até ao fervor da campanha. Por fim, «O dia do voto», núcleo final da exposição, dá a conhecer os principais momentos do dia 25 de abril de 1975, desde o exercício do ato eleitoral, à contagem dos votos ou à noite eleitoral transmitida pela RTP, recriando o ambiente vivido na Fundação Calouste Gulbenkian há 50 anos.
Além de reunir fotografias e imprensa da época, bem como documentos que testemunham a complexidade e o entusiasmo desse período histórico, a exposição destaca-se também pela sua ampla dimensão fílmica. Os extensos recursos audiovisuais, alguns deles inéditos ou raramente vistos, contribuem para uma experiência imersiva e sensorial, permitindo ao público mergulhar no período intenso que se viveu antes, durante e após as eleições de 25 de abril de 1975.
A Exposição «“Haverá Eleições”. 1975: as primeiras eleições livres em Portugal» é uma iniciativa da Comissão Comemorativa 50 Anos 25 de Abril, em parceria com a Assembleia da República. Conta com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian e da RTP.
Esta Exposição tem entrada livre e pode ser visitada todos os dias, das 10h às 18h. Estão previstas visitas guiadas conduzidas pelos curadores em datas a anunciar. As escolas e outros grupos interessados podem solicitar visitas guiadas através de gabcom@50anos25abril.gov.pt
Saber mais sobre as primeiras eleições livres em Portugal
Com o objetivo de promover um maior conhecimento da história recente do país, e dando particular atenção aos mais jovens e aos professores, a Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril disponibiliza regularmente conteúdos históricos produzidos e verificados por especialistas, em regime de acesso livre.
No âmbito do tema desta Exposição estará disponível no site das Comemorações, em 50anos25abril.pt, o dossiê «“Haverá Eleições”. 1975: as primeiras eleições livres em Portugal», que pode ser consultado livremente www.50anos25abril.pt.
Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril até 2026
As Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril tiveram início em março de 2022 e vão decorrer até 2026. Cada ano foca-se num tema prioritário, tendo como objetivo reforçar a memória e enfatizar a relevância atual destes acontecimentos na construção e afirmação da democracia.
O período inicial das Comemorações foi dedicado aos movimentos sociais e políticos que criaram as condições para o golpe militar. A partir de 2024, revisitam-se os três ‘D’ do Programa do Movimento das Forças Armadas (MFA), em iniciativas que evocam o processo de descolonização, a democratização e o desenvolvimento.