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25 de Abril: Comissão assinala 50 anos das primeiras eleições livres em Portugal e 51 anos do 25 de Abril com iniciativas que destacam a memória, a cultura e a cidadania ativa 

Fotografia: Cláudia Teixeira | Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril

A Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril assinala, esta semana, os 50 anos das primeiras eleições livres em Portugal e os 51 anos da Revolução com uma programação nacional que inclui concertos, exposições, visitas guiadas, ações educativas e iniciativas digitais. Entre os destaques estão a inauguração da exposição «Haverá eleições» na Fundação Calouste Gulbenkian, a reabertura do espaço museológico do Posto de Comando da Pontinha, a escuta coletiva de «… e temos o povo…», uma gravação inédita do dia 25 de Abril de 1974, assim como vários projetos dirigidos aos jovens, como a campanha digital #TensPoder. A par destas iniciativas, dezenas de eventos culturais promovidos pelo programa «Arte pela Democracia» percorrem país, reforçando o papel da arte na preservação da memória e na promoção da participação cívica. 

Na Agenda 25.04 está disponível o retrato das múltiplas iniciativas que, por todo o país, se organizam para assinalar a data. 

Assinalar e comemorar as primeiras eleições livres 

Em 2025, o Programa das Comemorações destaca o cinquentenário das primeiras eleições livres em Portugal, momento decisivo na construção da democracia. Previstas no Programa do MFA, as eleições para a Assembleia Constituinte continuam a ser as mais participadas da história democrática portuguesa. 

No dia 22 de abril, o público é convidado a visitar a Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, para participar na inauguração da exposição «Haverá eleições. 1975: as primeiras eleições livres em Portugal», organizada pela Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril em parceria com a Assembleia da República, com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian. A cerimónia tem início às 16h00, com a presença do Presidente da República, e inclui uma visita guiada pelos curadores, o politólogo Pedro Magalhães e a cineasta Catarina Vasconcelos. Pelas 18h00, será exibido o documentário «Haverá eleições», de Cláudia Varejão, a que se seguirá uma sessão de testemunhos com a participação de Helena Roseta, Luís Costa Correia e José de Guimarães. 

A exposição, que estará patente até 31 de outubro, assinala o cinquentenário das primeiras eleições livres em Portugal. “As eleições de 25 de abril de 1975 são um marco ímpar na história portuguesa. Com uma participação massiva, representaram o cumprimento de um dos objetivos centrais do Programa do MFA: garantir a realização de um sufrágio universal, direto e secreto para eleger uma Assembleia Constituinte. Esta Assembleia foi responsável por redigir a Constituição de 1976, que lançou os pilares da nossa democracia. Neste contexto, a evocação deste acontecimento histórico permite-nos salientar a importância atual da participação e da defesa da democracia”, explica Maria Inácia Rezola, historiadora e Comissária Executiva.  

Em simultâneo com a inauguração, será disponibilizado no site da Comissão um dossiê histórico digital dedicado a este tema. Este recurso complementa a exposição, potenciando o seu alcance e durabilidade, e permitindo ao público aprofundar os temas abordados. Trata-se de um recurso de livre acesso que pode ser consultado em www.50anos25abril.pt. 

Preservar a memória da Revolução 

Dois dias depois, a 24 de abril, será reaberto ao público o espaço museológico do Posto de Comando da Pontinha, local de grande relevância histórica, a partir de onde foi coordenada a operação militar do Movimento das Forças Armadas que pôs termo ao regime do Estado Novo. A iniciativa, promovida pela Câmara Municipal de Odivelas e pelo Chefe do Estado-Maior do Exército, com a colaboração da Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril, reforça o compromisso com a preservação da memória da Revolução. 

É neste contexto simbólico que se assinala também o primeiro momento do projeto «… e temos o povo… – Todos os sons da primeira montagem radiofónica do 25 de Abril», com a entrega oficial à Comissão de bobines históricas: a montagem mais completa da reportagem gravada no próprio dia 25 de Abril de 1974 por Pedro Laranjeira, Paulo Coelho e Adelino Gomes, do Terreiro do Paço ao Largo do Carmo. Trata-se de um registo sonoro inédito, com momentos que não voltaram a ser transmitidos desde a sua emissão original no programa «Limite», da Rádio Renascença. A pedido dos seus autores, a bobine será integrada no futuro Arquivo Nacional do Som, para salvaguarda definitiva deste documento e disponibilização futura para investigação e escuta crítica.  

No dia seguinte, 25 de abril, após o desfile popular que desce a Avenida da Liberdade, entre as 18h00 e as 22h00, nas Ruínas do Convento do Carmo, o público terá a oportunidade de participar numa escuta coletiva integral desta reportagem única, num momento de imersão na memória sonora da Revolução. Intitulada «‘… e temos o povo…’. Todos os sons da primeira montagem radiofónica do 25 de Abril de 1974», esta sessão pública convida à escuta de várias horas de gravações originais, permitindo regressar — com a força do som — ao dia fundacional da nossa democracia. A entrada é livre. 

O concerto inaugural do projeto 50’25 nos estabelecimentos prisionais 

A semana comemorativa tem início a 21 de abril, segunda-feira, com o concerto inaugural do projeto «50’25 – Pelos Estabelecimentos Prisionais de Portugal », no Estabelecimento Prisional de Caxias. Esta iniciativa, a que a Comissão se associa, convida reclusos de todo o país a refletirem sobre o significado da liberdade, a partir da criação de textos que servem de base para uma obra musical original composta por Pedro Emanuel Pereira. A peça será apresentada em concertos ao vivo em dez estabelecimentos prisionais, até junho de 2025. 

Além das apresentações musicais, o projeto será documentado visualmente pela artista multidisciplinar Ana Mar, que registará momentos de interação entre os músicos, os reclusos e os textos criativos produzidos. O resultado final será reunido num livro que incluirá as composições originais, fotografias artísticas e os textos poéticos, acompanhado por gravações em áudio, oferecendo ao público uma experiência imersiva e inovadora. O ciclo de concertos passará por Caxias, Grândola (Pinheiro da Cruz), Leiria, Custóias, Santa Cruz do Bispo (Masculino e Feminino), Paços de Ferreira, Guarda, Funchal e Ponta Delgada/Angra do Heroísmo. 

Visitas Guiadas ao Quartel do Carmo em português e inglês 

Foi no Quartel do Carmo que, no dia 25 de Abril de 1974, se refugiou o presidente do conselho, Marcelo Caetano, e onde se deu a sua rendição, depois das forças comandadas pelo capitão Salgueiro Maia terem sitiado o local. Para além de visitas guiadas em português, entre os dias 22 de abril e 7 de maio, realizam-se também visitas guiadas em inglês ao Museu da Guarda Nacional Republicana e ao Quartel do Carmo, organizadas pela Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril. 

Estas visitas têm lugar nos dias 22, 23, 29 e 30 de abril e nos dias 6 e 7 de maio. Há uma sessão por dia: às terças-feiras, às 11h00; às quartas-feiras, às 15h00. A participação está sujeita a inscrição prévia através do site da Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril, em https://50anos25abril.pt/quartel-do-carmo-guided-tours-in-english/

Exposições por todo o país 

As exposições produzidas pela Comissão Comemorativa entre 2022 e 2023 evocaram movimentos sociais e políticos determinantes para o desgaste da ditadura. Atualmente, podem ser visitadas em vários pontos do país. 

Em Loures, a Biblioteca Municipal José Saramago apresenta a exposição «50 Passos para a Liberdade: Portugal, da Ditadura ao 25 de Abril», que retrata os últimos anos da ditadura e os primeiros momentos depois do seu derrube.  

Em Odemira, o Espaço Criar acolhe «Amílcar Cabral, uma exposição», dedicada à figura do líder da luta anticolonial.  

Já em Armamar, na sede da Assembleia Municipal, é possível visitar a exposição «Unidos Venceremos! Protestos, greves e sindicatos no Marcelismo (1968–1974)», que retrata as lutas laborais dos últimos anos da ditadura.  

Na Universidade da Beira Interior, na Covilhã, a exposição «Às Armas ou às Urnas – Povo, MFA e Forças Armadas: entre revolução e democracia (1974–1982)» convida a refletir sobre o processo de transição democrática.  

Em Lisboa, no Instituto Superior de Engenharia (ISEL), encontra-se patente a exposição «Primaveras Estudantis. Da crise de 62 ao 25 de Abril de 1974», focada no papel das lutas estudantis no combate à ditadura.  

Em Aveiro, no Largo do Mercado Manuel Firmino, até 27 de abril, pode ser visitada a exposição «Terceiro Congresso da Oposição Democrática, 50 anos depois», que evoca um dos momentos mais relevantes da oposição ao regime no período final do Estado Novo. 

A exposição «Portugal-Espanha, 50 anos de Democracia», que esteve patente no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em Lisboa, de 9 de outubro de 2024 a 31 de janeiro de 2025, foi adaptada e traduzida ao espanhol e pode agora ser visitada no Centro Documental de la Memoria Histórica, em Salamanca, Espanha. Desenvolvido em parceria com o Arquivo Nacional Torre do Tombo, este projeto contou com o apoio do Centro Português de Fotografia, do Instituto Diplomático (IDI) do Ministério dos Negócios Estrangeiros, da RTP, dos Archivos Estatales e da Mostra Espanha. 

Estas exposições, todas de entrada livre, constituem um convite à descoberta e à memória. A programação completa e as itinerâncias podem ser consultadas na Agenda 25.04, disponível no site oficial da Comissão. 

O 25 de Abril nas redes e nas escolas 

Na semana em que se celebra o 25 de Abril, a participação não acontece apenas nas ruas e museus. Através da campanha digital #TensPoder, a Comissão convida especialmente os mais jovens a refletirem, interagirem e partilharem os valores da democracia conquistada em 1974. Disponível em 50anos25abril.pt e dinamizada nas plataformas digitais da Comissão, esta campanha destaca os direitos e deveres consagrados na Constituição da República Portuguesa, lembrando que todos, e em particular os jovens, têm poder para transformar a sociedade em que vivem. 

Ao longo do mês de abril, serão partilhadas as histórias de projetos como «MyPolis», «Skoola», «Warehouse», «Gender Calling» ou «Rede ex aequo», demonstrando como, hoje, se constrói uma democracia mais participada, inclusiva e criativa. Os oito “poderes” da campanha — participar, falar, colaborar, criar, aprender, divergir, trabalhar e amar — funcionam como eixos temáticos para reflexão e partilha nas redes sociais. Como afirma Maria Inácia Rezola, Comissária Executiva da Comissão, “Queremos que os jovens recebam o legado do 25 de Abril, que compreendam que conquistas representou e que mantenham presente a importância de defendê-las e de continuá-las. Isso significa saberem que têm direitos, mas também deveres. Pretendemos contribuir para que os jovens tomem consciência de que são fundamentais à construção de uma sociedade melhor, mais justa, mais livre, mais participada e mais democrática”. 

Ainda no contexto da mobilização jovem para a cidadania ativa, decorrem esta semana várias sessões do projeto «25 de Abril, 25 Assembleias participativas jovens», uma iniciativa promovida pela Comissão em parceria com a «MyPolis», que visa fomentar competências cívicas e a participação democrática junto das novas gerações. As assembleias, adaptadas ao contexto escolar e pensadas como momentos de escuta, diálogo e proposta, terão lugar na Adega Cultural de Vila Verde e no Centro de Artes e Criatividade de Torres Vedras, entre 21 de abril e 2 de maio, e ainda no dia 23 de abril, no Auditório Carlos do Carmo, em Lagoa, e na Assembleia Municipal de Loulé. 

Arte pela Democracia com programação nacional 

Durante esta semana, os projetos apoiados pelo programa «Arte pela Democracia» oferecem uma programação cultural diversificada que percorre o país de norte a sul. Em Beja, a Companhia do Sueste apresenta «A Caixa», um espetáculo de teatro com música que revisita simbolicamente a herança da Revolução, em cena no Pax Julia – Teatro Municipal, nos dias 23 e 24 de abril. No nordeste transmontano, a Filandorra leva a palco «A partir das montanhas… Memoriar Abril», com antestreia em Murça a 24 de abril e estreia nacional no dia 25. Em Serpa, no dia 26, o grupo «6 VIOLAS» homenageia José Mário Branco com a performance musical «Águas paradas não movem moinhos», que cruza a música erudita com a canção de intervenção. Em Ferreira, Paredes de Coura, nos dias 26 e 27, o projeto «Carreiros para Futuros Ancestrais» propõe uma experiência artística comunitária e sensorial que inclui caminhada botânica, cinema ao ar livre e a inauguração de uma exposição com duração prevista até abril de 2026. Já em Arganil, no dia 27 de abril, estreia o projeto colaborativo «Laurindinha, libertei a minha voz», uma criação que funde música tradicional, eletrónica e experimentação artística. 


Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril até 2026  

As Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril tiveram início em março de 2022 e vão decorrer até 2026. Cada ano foca-se num tema prioritário, tendo como objetivo reforçar a memória e enfatizar a relevância atual destes acontecimentos na construção e afirmação da democracia.  

O período inicial das Comemorações foi dedicado aos movimentos sociais e políticos que criaram as condições para o golpe militar. A partir de 2024, revisitam-se os três ‘D’ do Programa do Movimento das Forças Armadas (MFA), em iniciativas que evocam o processo de descolonização, a democratização e o desenvolvimento. 

#50anos25abril