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Nessa assembleia da madrugada de 11 para 12 de março, discutiu-se também a realização das eleições para a Assembleia Constituinte. Foi proposto que se adiassem sem data marcada, invocando a necessidade de apurar as responsabilidades dos diferentes partidos na tentativa de golpe de estado.

Contudo, a ideia não colhe. Ramiro Correia, o tenente que teve a ideia original das Campanhas de Dinamização Cultural do MFA, o Capitão Luís Macedo, do gabinete do primeiro-ministro, e o Almirante António Rosa Coutinho, membro da Junta de Salvação Nacional, defendem que as eleições não sejam adiadas sine die. “O povo está à espera delas, seria uma provocação se não o fizéssemos. E mais, estou convencido que seríamos acusados de fraqueza se não o fizermos”, argumenta Rosa Coutinho. Esta posição está alinhada com a do próprio Presidente Costa Gomes. Já de madrugada, o Capitão Vasco Lourenço, porta-voz da Comissão Coordenadora do MFA, declara um “consenso geral” em torno da realização das eleições no prazo previsto. O próprio Costa Gomes viria a assinalar muitos anos mais tarde que esse consenso não era propriamente geral. Mas consegue-se encerrar a discussão: “É uma das coisas que toda a população vai começar a perguntar, é se há eleições ou não há eleições”. A julgar pelo destaque dos jornais dessa mesma tarde, Vasco Lourenço não se enganava.

“Haverá Eleições”. Diário de Lisboa, 12 de março de 1975. Fonte: Fundação Mário Soares e Maria Barroso, pasta 06822.172.27132. “Haverá Eleições”. Diário de Lisboa, 12 de março de 1975. Fonte: Fundação Mário Soares e Maria Barroso, pasta 06822.172.27132.

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