Entre maio e junho de 2025, foram realizados inquéritos em Portugal, Angola e Cabo Verde, com o objetivo de conhecer como os cidadãos destes países percecionam hoje os processos de descolonização, os seus legados e as relações atuais entre Portugal e os seus antigos territórios coloniais em África. 

Este é um trabalho inovador e raro: são ainda escassas as sondagens que abordam diretamente as independências africanas e o modo como a memória da descolonização é entendida e atualizada nas sociedades envolvidas, tanto nos países que conquistaram a independência como no antigo país colonizador. 

Cinquenta anos depois das independências, e num contexto em que o passado colonial volta a ser tema de debate público e político, a sondagem oferece uma oportunidade de escutar diferentes perspetivas sobre um processo histórico marcante e os seus efeitos até hoje. 

A maioria dos inquiridos considera que Portugal fez bem em reconhecer a independência das suas ex-colónias africanas.

A maioria considera que não se deve proceder à retirada de estátuas e outros símbolos coloniais.

A maioria considera que Portugal deveria devolver obras de arte, artesanato e outros bens retirados.

A maioria considera que falar hoje sobre descolonização/ independência, traz mais coisas positivas que negativas.

A lusofonia deve ser uma prioridade estratégica da política externa.

Portugal

Ainda que maioritariamente os inquiridos considerem que Portugal fez bem em reconhecer a independência das suas ex-colónias africanas (86%), 79% consideram que nem tudo correu bem na descolonização, atribuindo a responsabilidade ao regime anterior ao 25 de Abril (38%) e aos negociadores portugueses (20%).

Angola e Cabo Verde

Ainda que a maioria dos inquiridos considere que a descolonização permitiu a sua modernização política e económica (Angola: 59%; Cabo Verde: 78%), existe uma enorme ambivalência relativamente ao período colonial. Em Angola, 47% consideram que o período colonial foi positivo ou muito positivo para o que o país é hoje e 46% que foi negativo ou muito negativo. Em Cabo Verde, 43% consideram que o período colonial foi positivo ou muito positivo e a mesma percentagem que foi negativo ou muito negativo.