Conferência Internacional assinala os 50 anos das independências das colónias portuguesas em África, em Lisboa, entre os dias 17 e 19 de julho

Entre os dias 17 e 19 de julho, realiza-se na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa a Conferência Internacional “50 Anos das Independências das Colónias Portuguesas em África: Histórias, Processos, Legados e Memórias”.
Organizada com o apoio da Comissão Comemorativa 50 Anos 25 de Abril, esta iniciativa reunirá mais de 70 investigadores e especialistas, nacionais e internacionais, num espaço de reflexão alargada sobre um dos momentos mais marcantes da história contemporânea lusófona.
Assinalando meio século das independências de Angola, Cabo Verde, Moçambique e São Tomé e Príncipe – que se juntaram à Guiné-Bissau, que proclamou a sua independência em 1973 e a viu reconhecida em 1974 – a conferência propõe-se refletir sobre os contextos, processos e consequências desses momentos históricos decisivos para a configuração política do mundo pós-colonial.
Programa multidisciplinar com dezenas de investigadores internacionais
Com um programa extenso e multidisciplinar, que inclui 17 painéis temáticos, mesas-redondas, conferências, lançamentos de livros e sessões de cinema, o evento abordará temas como as lutas anticoloniais e as guerras de libertação; a solidariedade internacional e os cruzamentos geopolíticos em plena Guerra Fria; as dinâmicas de género, arte e educação nas lutas de independência; os legados do colonialismo e os desafios da construção dos novos estados; as memórias e narrativas pós-coloniais em África e em Portugal.
Como sublinha Maria Inácia Rezola, Comissária Executiva da Comissão Comemorativa 50 Anos 25 de Abril, “cinquenta anos depois das independências africanas, importa não apenas revisitar os acontecimentos históricos, mas compreender as suas múltiplas reverberações no presente. Esta conferência pretende ser um espaço de escuta e diálogo entre diferentes perspetivas e geografias, promovendo uma reflexão crítica e plural sobre um passado que continua a moldar o nosso futuro comum.”
O evento contará com a presença de oradores oriundos de países como Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde, Portugal, Brasil, Itália, Estados Unidos, França, Alemanha e África do Sul, entre outros, refletindo o carácter transnacional e intercontinental destas memórias e experiências. Entre os destaques do programa estão as conferências de abertura e encerramento, respetivamente por Maria da Conceição Neto (Universidade Agostinho Neto) e Severino Elias Ngoenha (Universidade Pedagógica de Maputo e Universidade Técnica de Moçambique), ambos reconhecidos investigadores das independências africanas e da história intelectual do continente.
Sessões de cinema e lançamentos de obras aprofundam a reflexão histórica
Para além dos painéis temáticos e das conferências, a programação inclui também, no dia 18, um conjunto de sessões de cinema documental, que oferecem uma perspetiva sensível e plural sobre as memórias e representações das lutas de libertação e dos processos de independência. Serão exibidos os filmes Guerrilla Grannies, de Ike Bertels, e Archives du changement, de Catarina Simão. No mesmo dia, terá ainda lugar o lançamento de três obras: The Mackerel Years: A Memoir of War, Hunger and Women’s History in 1980s Mozambique, de Kathleen Sheldon; Era Uma Vez a Revolução Portuguesa, editado por Michel Cahen e Yves Léonard; e Globalizing Independence Struggles of Lusophone Africa: Anticolonial and Postcolonial Politics, editado por Natalia Telepneva e Rui Lopes.
“Amílcar Cabral, uma exposição” em exibição durante a conferência
Durante os dias da conferência, entre 16 e 19 de julho, estará também patente no recinto da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa a versão itinerante de “Amílcar Cabral, uma exposição”. Dedicada a uma das figuras mais influentes do século XX, a mostra percorre a vida e o pensamento de Amílcar Cabral, destacando o seu papel central na luta pela independência da Guiné-Bissau e de Cabo Verde, e o modo como a sua ação mobilizou pessoas e instituições em todo o mundo contra o colonialismo português. Admirado por dirigentes políticos, intelectuais, artistas e militantes de diversos continentes — de Conacri a Havana, de Estocolmo a Pequim —, a sua memória permanece viva no imaginário político global. Esta exposição, uma iniciativa da Comissão Comemorativa 50 anos 25 Abril, resulta de uma adaptação da mostra apresentada no Palácio Baldaya, em Lisboa, entre março e junho de 2023, com curadoria científica de José Neves e Leonor Pires Martins.
Informações úteis
A entrada na Conferência é livre, sujeita à lotação das salas.
Consulte o programa completo em https://50anos25abril.pt/agenda/conferencia-internacional-independencias-africanas-e-revolucoes-anticoloniais-no-sul-global-historias-processos-legados-e-memorias/ .
A conferência “50 Anos das Independências das Colónias Portuguesas em África: Histórias, Processos, Legados e Memórias” é organizada por Aurora Almada e Santos, Raquel Ribeiro, Víctor Barros (IHC/IN2PAST – NOVA FCSH) e Julião Soares Sousa (CEIS 20 – Universidade de Coimbra), contando com o acompanhamento de uma comissão científica internacional composta por Gabriel Fernandes (Universidade de Santiago), Jean Martial Arséne Mbah (investigador doutorado em História Contemporânea), Jean-Michel Mabeko-Tali (Howard University), Marçal de Menezes Paredes (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul), Maria Nazaré de Ceita (Universidade de São Tomé) e Michel Cahen (Sciences Po Bordeaux).
Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril até 2026
A iniciativa inscreve-se no âmbito das comemorações oficiais dos 50 anos do 25 de Abril, sublinhando o papel incontornável das lutas africanas de libertação para a história da democracia portuguesa e para a redefinição do espaço político africano na era pós-colonial, contribuindo para aprofundar o debate sobre os impactos das independências africanas, não apenas nos países diretamente envolvidos, mas também no panorama global.
As Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril tiveram início em março de 2022 e vão decorrer até 2026. Cada ano foca-se num tema prioritário, tendo como objetivo reforçar a memória e enfatizar a relevância atual destes acontecimentos na construção e afirmação da democracia.
O período inicial das Comemorações foi dedicado aos movimentos sociais e políticos que criaram as condições para o golpe militar. A partir de 2024, revisitam-se os três ‘D’ do Programa do Movimento das Forças Armadas (MFA), em iniciativas que evocam o processo de descolonização, a democratização e o desenvolvimento.
O ano de 2025 é dedicado às primeiras eleições livres.