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Quando no final dos anos 50 e princípios de 60 se tornou evidente uma crise no regime do Estado Novo, logo acompanhada do início da guerra colonial, a historiografia portuguesa dava já sinais de renovação, em contacto com as práticas e teorias que noutras geografias se iam desenvolvendo. O Dicionário de História de Portugal (1963-1971) de Joel Serrão foi então uma expressão dessa mudança que se vinha desenhando desde o pós-guerra. E embora houvesse valiosos desenvolvimentos no campo da Economia, da Geografia e da Linguística e sinais de interesse por outras ciências sociais e humanas como a Sociologia e a Antropologia, em comparação com outros casos europeus, as limitações institucionais e políticas impunham fortes restrições à prática destas disciplinas (não raro confundidas com política). No entanto, o interesse pelas ciências sociais foi-se desenvolvendo extraordinariamente em círculos restritos: no GIS, na SEDES, em alguns casos nas Faculdades de Letras de Lisboa, Porto e Coimbra, sem esquecer historiadores expatriados.

A seguir à Revolução de 1974, verificou-se uma verdadeira explosão da procura de cursos no campo das ciências sociais e humanas: impunha-se compreender não apenas o passado próximo mas esse mesmo tempo de aceleração da história que foram os anos de 1974-75 com a descolonização, a agudização dos conflitos sociais e políticos, a construção de instituições democráticas, os intensos debates acerca de Portugal no mundo, num contexto internacional que era ainda de Guerra Fria, confrontando-se então múltiplos caminhos possíveis.

50 anos depois do 25 de Abril, impõe-se estudar em que sentidos se alargaram os estudos neste tão diversificado campo do conhecimento. Como se caracterizaram as políticas adoptadas para o ensino superior? Que transformações ocorreram nas universidades portuguesas dos anos 60 à actualidade?  E nos centros de investigação financiados pelo Estado? Que temas foram mais explorados e debatidos antes e depois do 25 de Abril? Que tópicos foram esquecidos, alguns deles quase demonizados até aos anos 70 (o passado próximo, os conflitos sociais, as minorias e culturas subalternizadas, etc.) e, já depois da revolução e até aos anos 90 (caso de Império e da colonização)? Que orientações teóricas e modelos dominaram a agenda dos investigadores? Annales, marxismo, estruturalismo, pós-estruturalismo, Nouvelle histoire, linguistic-turn, micro-história, etc. E mais recentemente, que áreas e debates têm mobilizado os historiadores e outros cientistas sociais: história global (mas que conceitos se confrontam a este respeito?), estudos sobre mulheres, minorias religiosas, minorias étnicas, relações ocidente-oriente, artes, história conceptual, etc.

Pretende-se aprofundar o conhecimento sobre as orientações e práticas adoptadas pela história e por outras ciências sociais e humanidades em Portugal desde os anos 40 do século XX, num ciclo de sete seminários mensais de acesso livre, organizado por múltiplos centros de investigação histórica e investigadores – por convite e por via de call for papers -, de modo a mobilizar jovens investigadores interessados em apresentar resultados das suas investigações. E no final publicar um livro que reúna os melhores trabalhos apresentados e debatidos nos seminários.

 

CICLO SEMINÁRIOS OUTUBRO 2023 A ABRIL DE 2024

Comissão Organizadora

Comissão Científica

Cristina Clímaco (Paris VIII) • Fernando Martins (CIDEHUS-UE) • Irene Vaquinhas (CHSC-FLUC) • João Arriscado Nunes (CES-UC) • João Paulo Avelãs Nunes (CEIS20-FLUC) • José Manuel Lopes Cordeiro (CICS-UM) • Luís Filipe Barreto (CH-FLUL) • Luís Trindade (NOVA FCSH / IN2PAST) • Maria João Vaz (CIES-ISCTE) • Nuno Estêvão Ferreira (CEHR-UCP) • Nuno Gonçalo Monteiro (ICS-UL) • Nuno Bessa Moreira (CITCEM-UP) • Paulo Fontes (CEHR-UCP) • Sérgio Neto (CEIS20-FLUC) • Susana Serpa Silva (CHAM Açores)

#50anos25abril