Abril em Liberdade: Arte pela Democracia celebra os 51 anos da Revolução 

 Em abril, os projetos apoiados pelo Programa «Arte pela Democracia» celebram os 51 anos da Revolução de Abril com uma programação diversificada que percorre o país de norte a sul, passando também pelos Açores. A agenda inclui apresentações de teatro, concertos, oficinas, debates, caminhadas e exposições que abordam temas ligados à história da Revolução, à construção da democracia e à participação cívica. Tendo a arte como ponto de partida, estas iniciativas promovem o conhecimento histórico e o diálogo sobre os valores de Abril. 

Na Agenda 25.04 – em 50anos25abril.pt/agenda/ – é possível conhecer todos os eventos previstos e mesmo propor outros que se enquadrem nas Comemorações.

Logo no início do mês, em Viseu, o projeto DEMOC propõe várias iniciativas dinamizadas pela estrutura Mochos no Telhado. No dia 5, no IPDJ, “Trans/Missão” abre o mês com uma ópera em processo, que convida o público a assistir à construção coletiva de uma criação sobre mobilização e organização. Seguem-se os espetáculos “A Quinta dos Animais”, no dia 6, e duas oficinas — “Escrita de Canções de Protesto”, nos dias 8 e 9, e “Loja [temporária] de vender poetas”, a 11 e 12 de abril — realizadas entre a Biblioteca Municipal de Viseu e a Quinta da Cruz.  

“A minha vida é o mar o Abril a rua” nos Açores 

Nos Açores, o projeto “A minha vida é o mar o Abril a rua”, da plataforma beOMNI Expression, tem lugar na ilha Graciosa. Nos dias 3 e 4 de abril realizam-se dois workshops sobre a democracia, a liberdade e a obra de Sophia de Mello Breyner Andresen, e no dia 5, no Centro Cultural da ilha, acontece o espetáculo multidisciplinar que cruza música, poesia e memória. 

Na semana de 2 a 6 de abril, o município de Caminha acolhe o ciclo “O Caminho faz-se caminhando”, promovido pela Space Ensemble, com uma programação que inclui concertos, oficinas, filmes-concertos, exposições e debates intergeracionais sobre os valores de Abril. Entre os destaques encontram-se o concerto “Disco Voador – Music for a Better World”, no dia 3; o filme-concerto “Strike” com música ao vivo, no dia 4 e o documentário “1982, Sede de Sede”, com debate, no dia 5. Nesse mesmo dia, haverá ainda o concerto “A Força (O Poder) da Palavra”, um tributo a José Mário Branco, em Vila Praia e Âncora. A exposição “25 dias para a Liberdade” estará patente durante todo o mês no Museu Municipal de Caminha. 

“Uma Conversa Infinita” no Porto 

No Porto, a Casa da Música recebe no dia 5 de abril, pelas 15h00 e às 17h00, a ópera “Uma Conversa Infinita”, do projeto 30-50, com música de Teresa Gentil e interpretação de jovens e profissionais ligados à Escola de Música de Leça da Palmeira. Também no Porto, a 12 de abril, pelas 18h00, o coletivo a(B)riga, com apoio de várias entidades, leva às ruas e livrarias independentes do centro da cidade o cortejo musical “Casas sim, assim não!”. O cortejo musical inicia-se no Largo Alberto Pimentel, junto ao icónico café Mirita, com o Coral de Letras da UP e o repertório das Heróicas, de Fernando Lopes-Graça. Pelas 18h30, serão exibidos os filmes “Revolução” (Ana Hatherly, 1975) e “Casas para o povo” (Catarina Alves Costa, 2010), seguidos de uma conversa com Cândido Venceslau (D.R.A.M.A), Lia Gil Antunes (CIEG/Arquitectas da Liberdade) e Paulo Gonçalves (Habitação Hoje). A moderação está a cargo de Vanessa Rodrigues (IS-UP/ Habit:AÇÃO). 

No mesmo dia, no Fundão, a Camisola Preta organiza a mesa redonda “As portas que o voto abriu”, na Biblioteca Municipal Eugénio de Andrade, para refletir sobre o papel do voto e a literacia política numa democracia viva e participativa.  

A terceira e quarta fases regionais da presente edição do “Voz – O Poder da Palavra” decorrem em duas cidades diferentes, celebrando o talento e a força da palavra em cada encontro. A terceira fase decorre no dia 6 de abril, às 15h, na Casa da Cultura, em Setúbal. A quarta e última eliminatória regional terá lugar no dia 11 de abril, na Biblioteca Municipal de Beja. Em cada uma destas sessões, serão ouvidos os 12 participantes em competição, seguidos de um showcase de Maria Caetano Vilalobos, num evento que promete surpreender o público através do poder da palavra.  

Palavra, música e memória coletiva 

Ainda no âmbito da celebração da palavra, da música e da memória coletiva, destaque para o espetáculo “Águas paradas não movem moinhos”, no dia 26 de abril de 2025, entre as 18h30 e as 19h30, na Musibéria, em Serpa. Nesta performance, 6 VIOLAS homenageia o músico José Mário Branco. Com direção artística de José Valente, o sexteto de violas d’arco estabelece um inesperado e tocante vínculo entre a música erudita e a canção de intervenção. O evento é uma produção Black Dress – Produtora Cultural e integra a programação de Música e Cinema. 

A sul, a Companhia do Sueste apresenta “A Caixa”, um espetáculo de teatro com música que explora a herança simbólica da Revolução através da criação coletiva. As apresentações decorrem em Beja, nos dias 23 e 24 de abril, no Pax Julia – Teatro Municipal, e no dia 30, em São Brás de Alportel, no Cineteatro local. 

“A partir das montanhas… Memoriar Abril” em estreia nacional em Murça 

No nordeste transmontano, a Filandorra – Teatro do Nordeste apresenta “A partir das montanhas… Memoriar Abril”, com antestreia no dia 24 de abril e estreia nacional no dia 25, no Auditório Municipal de Murça. Em Arganil, no dia 27 de abril, estreia o projeto comunitário “Laurindinha, libertei a minha voz”, resultado da colaboração entre o projeto MINHA e a R.I.Ju de Côja, que funde música tradicional, eletrónica e experimentação artística. 

Em Ferreira – Paredes de Coura, o projeto “Carreiros para Futuros Ancestrais” propõe uma experiência artística profundamente enraizada no território. A 26 de abril, realiza-se uma assembleia comunitária no Lugar de Carreiros, seguida de uma sessão de cinema ao ar livre. No dia 27, acontece uma caminhada botânica orientada por Cristiana Vieira e inaugura-se a exposição “Co-be(com)ing”, a primeira de uma série de três mostras de retratos sobre os habitantes — humanos e mais-que-humanos — do lugar. Esta exposição poderá ser visitada durante um ano, até 25 de abril de 2026. 

Finalmente, este mês contará com várias apresentações do espetáculo “Aurora”, um tributo à resistência e à memória dos presos políticos do Estado Novo, inspirado na história real de Aurora Rodrigues. A peça será apresentada no Teatro Municipal de Ourém no dia 3 de abril, em duas sessões, às 11h e 14h00, no Cineteatro Paraíso, em Tomar, no dia 15 (às 15h00), e no Museu Nacional Resistência e Liberdade, em Peniche, no dia 29, com três sessões ao longo do dia (10h00, 14h30 e 18h30). “Aurora” recorda o horror das prisões políticas e a coragem de quem resistiu — e pergunta-nos: que uso fazemos hoje da liberdade conquistada? 

Arte pela Democracia 

O Programa «Arte pela Democracia» promove projetos artísticos que se enquadram nas Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril e que contribuem para a reflexão sobre a importância deste marco na construção da democracia. Esta iniciativa é organizada em parceria com a Direção-Geral das Artes (DGARTES). Saiba mais em Arte Pela Democracia. 

Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril até 2026 

As Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril tiveram início em março de 2022 e vão decorrer até finais de 2026. Cada ano foca-se num tema prioritário, tendo como objetivo reforçar a memória e enfatizar a relevância atual destes acontecimentos na construção e afirmação da democracia. 

O período inicial das Comemorações foi dedicado aos movimentos sociais e políticos que criaram as condições para o golpe militar. A partir de 2024, os três ‘D’ do Programa do Movimento das Forças Armadas (MFA) começaram a ser revisitados, em iniciativas que evocam o processo de descolonização, a democratização e o desenvolvimento. 

O ano de 2025 é dedicado às primeiras eleições livres, marco central da construção da democracia portuguesa.