Académica perdeu a Taça, mas ganhou o país em 1969
António Marques, que jogou pelo clube de Coimbra a final da Taça contra o Benfica, em 1969, guarda boas e más memórias, mas, sobretudo, “uma noção de dever cumprido”.
Naquele dia, que ficou para a História como um dos momentos mais marcantes da contestação estudantil à ditadura, “a Académica representou a expressão de um sentimento de repulsa pelo ambiente académico e social que havia em Portugal”, sublinha o ex-jogador.
Em 1969, Portugal era um país “muito atrasado em termos culturais, em termos sociais, também de falta de liberdade”, descreve, lembrando que isso estava “bem espelhado nos cartazes” mostrados no Jamor.
Os estudantes participaram no “movimento de conspiração geral que havia em todo o sistema académico coimbrão” e que haveria de contribuir para o que veio a acontecer a 25 de Abril de 1974.
“Fomos intervenientes desse processo, de dizer a Portugal e aos portugueses quantas limitações havia à liberdade”
“Sobre os nossos ombros estava muita responsabilidade”, reconhece. Mas aquela foi uma final sem guião, com “jogadores briosos”, que se bateram com “galhardia” e “dignidade”.
“Não ganhámos, mas ganhámos um país”, assinala o autor da fotobiografia “Histórias de um Percurso”.