Depois de “O Primeiro Passo” dado com a ocupação de várias herdades no Distrito de Beja entre 10.12.1974 e 26 de Janeiro de 1975, com uma área superior a 10.000 hectares, como foi sublinhado na Sessão Comemorativa do 50º Aniversário da ocupação do Monte do Outeiro, que teve lugar no passado dia 10.12.2024, no Auditório da Biblioteca José Saramago, em Beja, com o lema “Do Senhor da terra à Reforma Agrária”, irá agora comemorar-se o 50º Aniversário da Assembleia Distrital de Delegados Sindicais do Sindicato dos Trabalhadores Agrícolas do Distrito de Beja que no dia 26 de Janeiro de 1975, na Sociedade Capricho Bejense, tomou a histórica decisão de “Dar início imediato à Reforma Agrária”, “O Segundo Passo” dos passos invocados por Álvaro Cunhal, Secretário Geral do PCP e Ministro sem pasta, quando este, no comício de encerramento da 1ª Conferência dos Trabalhadores Agrícolas do Sul, realizada em Évora a 9 de Fevereiro de 1975, proclamou : “Vivemos um momento histórico nos campos do Sul. Pelas mãos dos trabalhadores a Reforma Agrária deu os primeiros passos.”
O que levou os trabalhadores a tomar tão audaciosa decisão?
Não terá sido uma deliberação precipitada e aventureira?
Os trabalhadores aprovaram livremente tão importantes ações por iniciativa própria ou foram instrumentalizados para o fazer?
Que impacto tiveram “os primeiros passos” para a defesa e consolidação da liberdade conquistada com o 25 de Abril de 1974?
A Reforma Agrária foi consagrada na Constituição da República Portuguesa como uma conquista irreversível do Portugal de Abril, a 2 de Abril de 1976 , com os votos favoráveis do PS, do PPD/PSD, do PCP, do MDP, da UDP e o total acordo do Movimento das Forças Armadas. O que aconteceu depois à Reforma Agrária? Faliu? Fracassou? Há quem diga que sim. Há quem defenda o contrário. É importante conhecer e divulgar a verdade.
Na esteira do Livro “Reforma Agrária – A Revolução no Alentejo”, um testemunho documentado de quem nela participou, publicado em 2013, e inserida nesta Sessão Comemorativa será feita a apresentação do livro “Terror, Destruição e Morte no Alentejo – A Contra-Reforma Agrária”. Neste se avançam novos argumentos e documentação que procura responder a estas e a muitas outras questões que apelam à reflexão de quem se interessa em procurar a verdade.
É importante que toda a verdade sobre a Reforma Agrária seja conhecida.
A Campanha 50 Anos de Abril – 50 Anos da Reforma Agrária deverá ser um importante contributo para que assim seja.