Tomando o 25 de Abril como o ponto zero de uma breve viagem pelo cinema exibido após a revolução e que reflete sobre esta, nas décadas de 70 e 80, até hoje, o Cine-teatro Marques Duque recebe um conjunto de sessões de cinema, organizadas entre a Cinemateca Portuguesa, sob a alçada do projeto Imagens em Movimento – Cinema Português em Diálogo, e o Cineclube de Mértola.
No dia 28 de fevereiro às 11h, 14h30 e 15h45, em sessões para as escolas, serão exibidos os filmes Amanhã (Solveig Nordlund, 2004) e três curtas-metragens de animação de Abi Feijó A Noite Saiu à Rua (1987), Fado Lusitano (1995) e O Cravo da Liberdade (1996).
Nesse mesmo dia, às 19h, exibe-se Bom Povo Português (Rui Simões, 1980) que procura traçar a história entre o 25 de Abril de 1974 e 25 de Novembro de 1975, tal como ela foi sentida pela equipa que produziu o filme.
No dia a seguir, 29 de fevereiro, será exibido outro filme de Rui Simões, Guerra ou Paz (2012) sobre os jovens portugueses que saíram de Portugal, entre 1961 e 1974, uns para a guerra nas ex-colónias e outros para não fazer essa mesma guerra. O realizador Rui Simões estará presente em ambas as sessões.
A 1 de março, às 21h30, José Nascimento estará em Mértola para apresentar o seu filme Terra de Pão, Terra de Luta (1977), um documentário que filma o processo da reforma agrária. A abrir a sessão estará a curta sátira As Desventuras de Drácula von Barreto nas terras da reforma agrária, produzida pela Célula de Cinema do PCP em 1977.
Fernando Matos Silva, que recentemente foi alvo de uma importante retrospetiva pela Cinemateca Portuguesa, marcará presença nos dias 2 e 3 de março, para apresentar os seus filmes O Mal-Amado (1973) e Acto dos Feitos da Guiné (1980).
O Mal-Amado tem o carimbo de ser o último filme português a ser proibido pela censura, mas foi também o primeiro filme português a ser estreado depois do 25 de Abril de 1974. Um retrato da inquietação da juventude da época, o desencanto da pequena burguesia e as suas oscilações ideológicas. Acto dos Feitos da Guiné toma a forma de um filme-ensaio que questiona o processo de colonização da então chamada Guiné Portuguesa, com imagens captadas na Guiné-Bissau (1969–1970) durante a Guerra Colonial e nos arredores de Lisboa durante o período revolucionário (1975–1976).
Todas as sessões são de entrada livre. Este ciclo conta também com o apoio da Câmara Municipal de Mértola.
