“Se eu morrer quero que saibas…” é uma frase que aparece com frequência nas cartas e aerogramas escritos por militares mobilizados para a guerra colonial.
A urgência em exprimir, pela voz individual, a experiência única e marcante da guerra e a necessidade absoluta de manter a ligação com os seus, gerou um enorme volume de correio que cruzou toda a sociedade, independentemente da classe social, do género e da idade, tornando-se, certamente, numa das mais democráticas fontes para a história deste período. Apesar da reduzida familiaridade com a questão colonial e da dificuldade em entender e enquadrar politicamente a missão que lhes foi confiada, é possível observar na correspondência como a evolução do pensamento dos militares em relação à guerra foi determinante para o fim do regime político que vigorava em Portugal.
Oradora: Joana Pontes é licenciada em Psicologia pela Universidade de Lisboa, fez estudos em Cinema na Escola Superior de Teatro e Cinema e concluiu o Programa Avançado em Jornalismo Político na Universidade Católica de Lisboa. Doutorou-se em História na especialidade de Impérios, Colonialismo e Pós-Colonialismo, pelo ISCTE-IUL. A dissertação, Sinais de Vida, Cartas da Guerra 1961-1974, está editada pela Tinta da China. Obteve o Prémio Fundação Calouste Gulbenkian para a História Moderna e Contemporânea, da Academia Portuguesa da História.
Dedica-se à investigação, ao ensino e à escrita e realização de documentários.