Henrique Barreto Nunes fez uma análise pormenorizada sobre a implementação, funcionamento e evolução da censura em Portugal, desde a Constituição de 1933, que estabeleceu o Estado Novo, até ao 25 de Abril. A censura, explica Henrique Barreto Nunes, surgiu em primeiro lugar como mecanismo de controlo do discurso político tutelado pelos militares, mas cedo tomou uma outra face caracterizada para proteger os interesses, a visão e os valores do Estado Novo e a partir daí passou para o controlo direto de António de Oliveira Salazar. Sublinhou que a repressão era exercida sobre a leitura de livros proibidos, quem os editava e publicava, mas sobretudo sobre os escritores cujas casas eram assaltadas, que eram presos/torturados e que caíam num silenciamento que incluía a proibição de mencionar o seu nome. Estas represálias tinham como consequência a instalação de um clima de medo entre os escritores, intelectuais e jornalistas que os fazia autocensurar.