Inspirados na técnica de blackout poetry, um coletivo de poetas e ilustradores liderado por Viton Araújo e Diego Tórgo aplicou o infame lápis azul sobre as palavras da Constituição fascista de 1933 até que dela se erguessem, apenas, poemas e ilustrações. No ano em que se celebram 50 anos sobre o 25 de Abril (antecâmara do centenário desse dia maior) e em que os dias passados em democracia superam, finalmente, os dias sofridos sob o jugo do fascismo, Reconstituição assume-se como um exercício de liberdade poética que celebra um sonho e constrói um futuro: o da liberdade. Um projeto artístico e político que desconstrói a constituição fascista de 1933, distorcendo e subvertendo as suas palavras, imprimindo-lhe a mesma censura que o Estado Novo exerceu sobre as liberdades dos cidadãos portugueses, até restar apenas a mensagem de Abril.