Esta exposição evoca a vida e obra de Mário Sacramento, pretendendo destacar a importância deste cidadão aveirense nas dimensões cultural, social e política, local e nacional, nomeadamente através de todo o trabalho que desenvolveu na teorização do neorrealismo, importante movimento cultural do século XX.
Neste ano em que Aveiro é Capital Portuguesa da Cultura quisemos integrar esta exposição em dois trimestres: no primeiro, dedicado à Cultura e Identidade; e no segundo, dedicado à Cultura e Democracia, elegendo simbólica e fisicamente a Praça da República como espaço de mostra e aproximação, para que possamos dar a conhecer mais e melhor o percurso deste marcante humanista e neorrealista português, agraciado, a título póstumo, com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade, a 6 de julho de 2021, pelo Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa. Contámos, para isso, com o importante apoio do Museu do Neo-Realismo e da família de Mário Sacramento, que nele depositou o espólio do autor.
O neorrealismo é um movimento que se estrutura, na Europa e no mundo, no período entre as duas guerras mundiais, e que chegou a Portugal no início dos anos 40 do século XX. Surge como oposição do idealismo, o que quer dizer que procura mostrar a realidade nua e crua, sem filtros. Ganha expressão em diversos campos artísticos, das artes plásticas à literatura, passando pelo cinema, sempre com um sentido ético e humanista: os artistas procuram retratar, sem idealismos, a forma como vivem as pessoas concretas, denunciando injustiças, analisando o modelo social vigente.
É em todo este ambiente cultural e político que Mário Sacramento se insere, desenvolvendo a sua atividade de crítica e ensaísmo literário, bem como o seu compromisso cívico e político, nomeadamente através da organização dos Congressos Republicanos de Aveiro (ou da Oposição Democrática), que marcaram, de forma indelével, o rumo da história recente de Portugal, que este ano, 2024, celebra os 50 anos do 25 de abril.