Esta exposição evoca o papel do mundo do trabalho e do movimento sindical anticorporativo no combate à ditadura. É composta por dois polos, um deles no Hub Criativo do Beato e o outro nas Oficinas da CP no Barreiro. Em Lisboa, a exposição pode ser visitada até 30 de junho, de terça-feira a domingo, das 13h00 às 19h00. Entrada livre. https://agenda.50anos25abril.pt/wp-content/uploads/2024/01/social_share_exposicao_unidos_venceremos_2.jpg
“As Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril decorrem até 2026. Cada ano foca-se num tema prioritário, tendo como objetivo global reforçar a memória e enfatizar a relevância atual destes acontecimentos na construção e afirmação da Democracia. O período inicial das Comemorações, que agora decorre, é dedicado aos movimentos sociais e políticos que criaram as condições para o golpe militar. É nesse contexto que se enquadra esta exposição”, afirma Maria Inácia Rezola, Comissária-Executiva.José
Pacheco Pereira, historiador e Comissário científico da iniciativa,
afirma: “O tema da exposição é de grande relevância para compreendermos o
fim da ditadura e o processo de construção da Democracia. O movimento
sindical e grevista, que é aqui documentado, teve um papel decisivo no
fim do Estado Novo e na criação das novas instituições democráticas. O
movimento militar que fez o 25 de Abril resultou, sem dúvida, do
esgotamento gerado pela Guerra Colonial, mas teve o contributo de um
novo contexto social e político.”Na
segunda metade dos anos de 1960, o mundo encontra-se em grande
convulsão. Verifica-se um processo de radicalização política
internacional, motivado pela guerra do Vietname, pela emergência do
chamado “Terceiro Mundo”, pela instabilidade social em muitos países da
Europa e na América, pelas sucessivas independências em África, pela
Revolução Cultural na China, pelo papel crescente dos movimentos
estudantis e juvenis em França, na Alemanha, em Itália e nos Estados
Unidos da América, pela invasão da Checoslováquia, e pela crise das
hegemonias americana e soviética. A estas mudanças políticas
associaram-se mudanças culturais e sociais. Portugal, embora isolado,
não permanecerá imune a estas mudanças aceleradas.Documentação inédita sobre os mecanismos de repressão da ditadura“Em
Portugal, no final dos anos 1960, tem início uma nova época de
protestos, de greves, de reivindicações, de organização e ação legal,
semi-ilegal e clandestina, que começa mesmo antes da ascensão de Marcelo
Caetano ao poder, em 1968, e se intensifica durante o seu Governo.
Verifica-se um crescimento exponencial das lutas sociais, com importante
expressão no movimento grevista e no “assalto” anticorporativo aos
sindicatos do regime. Não é um movimento inteiramente espontâneo,
contando com a ação de partidos e movimentos clandestinos, como o PCP,
os ‘católicos progressistas’ e os esquerdistas”, acrescenta o
historiador.Desta
exposição consta um primeiro levantamento exaustivo das greves e
protestos no Marcelismo, que aponta para um número superior a 300
ocorrências, e informação obtida a partir da consulta de documentação
inédita da Legião Portuguesa (LP) e da PIDE-DGS, que permite compreender
os mecanismos da repressão da ditadura: PIDE-DGS, PSP, GNR e LP. A
exposição destaca ainda a participação das mulheres neste movimento de
contestação, em particular das operárias ligadas aos têxteis e
lanifícios.Até
ao final de junho, a iniciativa contará com um programa de dinamização
que inclui visitas guiadas, leituras de livros infantis e Conversas
#NãoPodias.«Unidos
Venceremos! Protesto, sindicatos e greves no Marcelismo (1968-1974)» é
uma iniciativa da Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril e da
Ephemera – Associação Cultural, em parceria com Direcção-Geral do Livro,
Arquivos e Bibliotecas, Arquivo Nacional do Som, Câmara Municipal de
Lisboa, Câmara Municipal do Barreiro e CP – Comboios de Portugal.