O Camões – Centro Cultural Português em Luanda, vai inaugurar no dia 19 de abril, 6ªfeira, pelas 18h00, o novo Mural criado pelo coletivo de artistas Verkron, com texto curatorial de Gisela Casimiro.
O novo Mural integra as comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, promovida pelo Centro Cultural da Embaixada de Portugal em Angola e pretende fazer uma reflecção sobre as revoluções.
” Na efervescência das revoluções, um paralelo poético se revela entre as flores e o ímpeto transformador da humanidade. Assim como as flores desabrocham na sua plenitude para, inevitavelmente, murchar e cair novamente, as revoluções emergem para desafiar padrões estagnados, trazendo consigo a morte inevitável dos velhos paradigmas e opressões, mas também o renascimento do novo nas nossas vidas. À medida que as revoluções varrem através da tapeçaria da sociedade, elas não apenas desmantelam estruturas obsoletas, mas também fertilizam o solo da mudança. Cada protesto, cada manifesto, é um ato de semear esperança em um terreno árido de desespero. Mesmo nas trevas da resistência, há a promessa de uma aurora renovada, onde as sementes da justiça e da igualdade podem finalmente florescer. No eterno movimento do tempo, tempus fugit, a consciência da própria mortalidade ressoa nas assembleias da humanidade. É que não importa o quão denso e sombrio possa ser um inverno, as flores sempre nascem para nos lembrar de que a morte é o substrato do belo, do sagaz e do vivido. Filósofos como Roman Krznaric nos lembram do Memento Mori, convidando-nos a contemplar a mortalidade de todas as coisas e a abraçar a vida com intensidade, reconhecendo que algumas coisas nos parecem mais esplêndidas no momento antes da sua queda, espelhando a própria jornada humana de viver e morrer. Além disso, é na efemeridade barra eternidade, das revoluções que encontramos a verdadeira essência da liberdade. Pois é na aceitação da transitoriedade que nos libertamos das amarras do passado e abraçamos o potencial do futuro. Como as flores que desafiam a gravidade para alcançar a luz do sol, nós também nos erguemos acima das limitações impostas, na busca por um horizonte onde a promessa da mudança é eternamente renovada.
