A Praceta da Ilha da Madeira, no Bairro do Liceu, em Setúbal, vai acolher, a 13 de abril, um mural alusivo à Revolução dos Cravos elaborado exclusivamente por jovens até aos 35 anos.
Divido em duas partes, o mural terá coordenação estética a cargo de Mo, estudante de Artes portuguesa de 21 anos, e Young Nuno, artista plástico guineense de 33 anos, dois nomes com Setúbal em comum nos seus trajetos.
O projeto de Mo destaca a frase “Fazes que fazes ou pões sementes a crescer?”, extraída da canção “Grão da Mesma Mó”, de Sérgio Godinho, enquanto o de Young Nuno recorda o líder revolucionário africano Amílcar Cabral e o capitão Salgueiro Maia.
“Não podemos ficar parados a ver a extrema-direita ganhar terreno. Temos de semear os cravos e colher a revolução”, declara Mo, que se afirma “contra o comodismo” e interpreta a frase de Sérgio Godinho como “um apelo à ação e a fazer cumprir Abril”.
Por seu lado, Young Nuno vê como positivo o facto de ficar associado a um mural sobre o 25 de Abril, por se tratar de um acontecimento que deu “a democracia a Portugal e a independência à Guiné-Bissau”.
“Não podemos falar da liberdade sem falar do 25 de Abril”, pelo que “celebrar o 25 de Abril é celebrar a liberdade”, sublinha ainda o artista plástico, que assinou pinturas de intervenção social em Bissau e pretende continuar a fazê-lo em Portugal.
A iniciativa, que tem o apoio da União das Freguesias de Setúbal, está aberta a todos os jovens que nela queiram participar.
O projeto “Histórias que as Paredes Contam – 50 anos de Muralismo em Setúbal”, que desde setembro de 2023 desenvolve na cidade um conjunto de eventos no âmbito do cinquentenário da Revolução dos Cravos, já promoveu a execução de três outros murais, cinco conversas públicas e uma exposição sobre muralismo, aguardando-se a pintura de um quinto e último mural, uma segunda mostra fotográfica e a edição de um álbum de imagens e histórias sobre o tema.
Com chancela do Monte de Letras e incluído no Programa das Comemorações Nacionais dos 50 anos do 25 de Abril, o “Histórias que as Paredes Contam” deve o nome à tese de doutoramento que Helena Freitas defendeu no ISCTE-IUL em 2019, e tem por parceiros a Câmara Municipal de Setúbal, através do programa “Venham Mais Vinte e Cincos”, o Instituto Politécnico de Setúbal, a Associação dos Municípios da Região de Setúbal, juntas de freguesia do concelho, a União Setubalense e a Associação Cultural Festroia.