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Portugal Ano Zero: livros de fotografia da revolução” é uma exposição com curadoria de José Luís Neves, Luís Pinto Nunes e Susana Lourenço Marques, que reúne uma extensa e inédita selecção de livros com trabalho de fotógrafos portugueses e estrangeiros, provenientes de diversas colecções privadas e públicas, nacionais e internacionais.

Revelando a efervescente prática editorial que se desenvolveu no pós 25 de Abril de 1974, trata-se de uma perspectiva histórica abrangente deste período, que vai dos primeiros manifestos na denominada small press às apropriações contemporâneas, experimentadas, por exemplo, por Alexandre Estrela em Merda (2006).

O núcleo central da exposição é composto por livros que a par de fotografias e filmes como o Portugiesischer Frühling [Primavera Portuguesa] de 1975 da cineasta alemã Sabine Katins percorrem os diversos momentos da revolução, as movimentações contra-revolucionárias que emergiram durante este período, a documentação recorrente de práticas de arte de rua e protesto, o processo da reforma agrária e o papel da mulher nos primeiros anos da revolução.

É dada especial atenção aos fotógrafos internacionais, que visitaram o País e que realizaram livros, zines e jornais sobre este período e contexto, como Jochen Moll (Grândola: Reportagen aus Portugal, 1976), Guy Le Querrec (Portugal 1974-1975: Regards sur une tentative de pouvoir populaire, 1979), Tano D’Amico (Ombre Rosse, 1975) ou Jason Lauré (Jovem Portugal After The Revolution, 1977), entre outros.

Partindo do idealismo e da turbulência política da fase inicial da revolução, a exposição retrata também o desvanecimento do sonho revolucionário e a adaptação gradual da sociedade civil, culminando numa nova fase da vida democrática em Portugal. Destacam-se, nomeadamente, trabalhos como a foto-novela Iberische Idylle [Idílio Ibérico], realizada por Bart Sorgedrager em 1985, publicada na revista portuguesa Crónica Feminina um ano depois.

A este conjunto de imagens da segunda metade do século XX, juntam-se obras de autores portugueses que desenvolvem o seu trabalho a partir da seleção dos livros expostos, como o trabalho de Pedro Augusto sobre o livro/vinil Uma Certa Maneira de Cantar (1977), as fotografias de Dinis Santos sobre a série de calendários das Casas Clandestinas (1994) do Partido Comunista Português, assim como a obra de Tiago Madaleno, com base no documentário da BBC sobre Portugal: White wall in Alentejo (1977). Destaca-se a iteração da obra de Lisa Santos Silva, A cabra não é cega (1976), que participa na Alternativa Zero (1977) e das fotomontagens no livro Revolução e Mulheres, 1976 de Maria Velho da Costa.

«Portugal Ano Zero» é um dos 45 projetos apoiados pelo programa «Arte pela Democracia», uma iniciativa da Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril em parceria com a Direção-Geral das Artes.

O Programa «Arte pela Democracia» promove projetos artísticos que se enquadrem nas Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril e que contribuam para a reflexão sobre a relevância deste acontecimento na construção da democracia.

É dirigido a projetos artísticos nas áreas das artes visuais (arquitetura, artes plásticas, design, fotografia e novos media); artes performativas (circo, dança, música, ópera e teatro); artes de rua; e cruzamento disciplinar.

A primeira edição, lançada em 2023, teve uma dotação orçamental de um milhão de euros. Selecionou um total de 45 projetos, que abrangem todo o país.

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#50anos25abril