O mural “Uma Janela para um País Livre”, pintado a 28 de janeiro e vandalizado no dia seguinte, vai regressar ao local que inicialmente o acolheu a 18 de fevereiro. A artista e ativista timorense Lala Berekai volta a assumir a coordenação dos trabalhos, que aguardam a participação de quantos se lhes quiserem.
Helena de Sousa Freitas, coordenadora do projeto, espera que “a obra seja entendida como aquilo que pretende ser: uma expressão de solidariedade com um povo que sofre e um voto de paz para a região onde este se encontra”.
O mural “Uma Janela para um País Livre” tem na sua origem um desafio lançado pelo sociólogo irlandês Bill Rolston, último convidado do ciclo de conversas organizado pelo “Histórias que as Paredes Contam”.
Envolvido na campanha Painting for Palestine em Belfast, Irlanda do Norte, Bill Rolston estava em Setúbal quando o mural original foi vandalizado, anulando um trabalho que tivera o contributo de 25 pessoas e demorara 10 horas a ficar concluído.
“O mural falava do anseio desesperado por paz, justiça e liberdade no meio de um horror indescritível, com cerca de 30.000 pessoas mortas em Gaza, 40% das quais crianças. Não compreendo como é que alguém se pôde sentir ofendido pela sua mensagem”, reagiu o sociólogo quando confrontado com o ato de vandalismo.
À data, Helena Freitas lamentou que, “quando o País celebra meio século de democracia, continue a haver quem se mostre tão incapaz de conviver com as diferenças de opinião”, tendo o projeto decidido inscrever ao lado da obra danificada a frase “Aqui jaz um mural pela paz”, que deverá agora ficar parcialmente mantida no local.
“Uma Janela para um País Livre” foi o segundo mural concretizado no âmbito do “Histórias que as Paredes Contam”, que tem já na rua o “Mulher-Pomba”, criado coletivamente sob a orientação estética do artista plástico e muralista chileno Alejandro “Mono” González, com quem o projeto inaugurou o seu ciclo de conversas públicas.
Com chancela do Monte de Letras e integrado no Programa das Comemorações Nacionais dos 50 anos do 25 de Abril, o “Histórias que as Paredes Contam” deve o nome à tese de doutoramento de Helena de Sousa Freitas, que coordena o conjunto de atividades.
O projeto tem por parceiros a Câmara Municipal de Setúbal, através da iniciativa “Venham Mais Vinte e Cincos”, o Instituto Politécnico de Setúbal, a Associação dos Municípios da Região de Setúbal, juntas de freguesia do concelho, a União Setubalense e a Associação Cultural Festroia.