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Registo documental, reflexivo e de investigação, que cruza a ação cultural de dezenas de entidades com a comunidade local, o olhar antropológico, o impacto económico e o papel urbanístico. Processo experimental sobre como “fazer a cidade”, lutando pelo acesso democrático através da cultura. Uma tentativa de consolidar o conceito de 3.º espaço, como mecanismo de democracia, coesão e justiça social.

 

“A ferramenta não é tua, não é minha, é da cooperativa” – esta foi uma das frases mais emblemáticas do processo de ocupação dos trabalhadores agrícolas à herdade da Torre Bela, um momento quente do PREC que questiona a legítima apropriação daquilo que se diz privado em prol do bem comum.
A cooperativa cultural e de solidariedade social Largo Residências tem vindo a fazer um trabalho contínuo relativamente ao direito à cidade, ao dilema da privatização acelerada do espaço e propriedade pública, e a grande relação que a cultura tem na construção coesa das cidades. Durante uma década a Cultura trouxe um valor económico e humano ao requalificado eixo Almirante Reis, mas a especulação imobiliária foi esmagando a cultura para as margens.
Quando o LARGO viu o contrato de arrendamento no Intendente chegar ao fim, investiu esforços e recursos na única hipótese – o antigo Quartel da GNR no Largo do Cabeço de Bola. Entre Abril e Agosto de 2022 investimos na reabilitação do Quartel preparando-o para várias actividades e abrindo candidaturas para projectos e iniciativas regulares ou pontuais que tiveram grande adesão.
Desde Outubro de 2022 que um antigo e devoluto Quartel da GNR deu lugar à cidadania, cultura e inclusão. Vizinhos(as) e parceiros(as) sociais apropriaram-se de um espaço seguro, intergeracional e multicultural que incluiu a participação de grupos de activistas pelas questões climáticas e de género, por cidadãos/cidadãs em várias condições de vulnerabilidade social (situações de sem abrigo e refúgio) criando um espaço de trabalho permanente para 40 projectos sócio-culturais (individuais e colectivos) abrangendo 190 trabalhadores(as).
Um grupo de profissionais provindos de várias entidades residentes neste pólo cultural irá recolher narrativas, impactos, evidências, para criar uma publicação que conta uma história ainda à descoberta do seu fim e que pretende abrir linhas de reflexão que queremos colocar na base: o património público é do Estado, certo, neste sentido é nosso, é comum?; devemos forçar cada vez mais a implicação activa dos cidadãos no desenho e construção das cidades e das suas necessidades?; os espaços culturais democráticos são os considerados 3.º lugares?; lugares intermédios, entre público e privado, um ecossistema cidadão?; os vários movimentos activistas têm lugar nos equipamentos de cultura convencionais?
Que novas práticas democráticas devemos cuidar inspirados no legado do 25 de Abril?

 

«Tomando as Ruas, Rompemos o Silêncio!» é um dos 45 projetos apoiados pelo programa «Arte pela Democracia», uma iniciativa da Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril em parceria com a Direção-Geral das Artes.

O Programa «Arte pela Democracia» promove projetos artísticos que se enquadrem nas Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril e que contribuam para a reflexão sobre a relevância deste acontecimento na construção da democracia.

É dirigido a projetos artísticos nas áreas das artes visuais (arquitetura, artes plásticas, design, fotografia e novos media); artes performativas (circo, dança, música, ópera e teatro); artes de rua; e cruzamento disciplinar.

A primeira edição, lançada em 2023, teve uma dotação orçamental de um milhão de euros. Selecionou um total de 45 projetos, que abrangem todo o país.

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#50anos25abril