“Somos sociedades de vivos e de mortos”, afirmou Amílcar Cabral no discurso fúnebre que dedicou a Kwame Nkrumah em 1972. O discurso pode ser visto e ouvido na exposição patente no Palácio Baldaya, havendo quem o considere premonitório da própria morte de Cabral, cujo assassinato, a 20 de janeiro de 1973, daria origem à publicação de inúmeros obituários na imprensa de vários países e levaria ao incremento dos estudos biográficos em torno da sua vida.
Nesta conversa, Leonor Pires Martins, comissária de “Amílcar Cabral, uma exposição”, fala-nos dos obituários e biografias sobre Cabral, ao passo que os historiadores António Araújo e Carlos Maurício nos introduzem à escrita obituária e ao estudo meta-biográfico.
17:30: Visita guiada à exposição “Amilcar Cabral, uma Exposição” com José Neves e Leonor Pires Martins (Comissários da Exposição). Ponto de encontro: entrada da exposição
18:00: Conversa “A morte escrita: dos obituários à meta-biografia” com António Araújo, Carlos Maurício e Leonor Pires Martins, com moderação de José Neves. Palácio Baldaya – Salão Nobre (Piso 2)
«Amílcar Cabral, uma Exposição», iniciativa da Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril, estará patente no Palácio Baldaya, em Benfica, entre 16 de março e 25 de junho. Tem entrada livre e pode ser visitada todos os dias das 9h às 22h.A exposição sobre Amílcar Cabral é inaugurada no ano em que passa meio século sobre o seu assassinato (1973, Conacri), e conta a história do revolucionário que – ao lado dos seus camaradas do PAIGC – contribuiu decisivamente para o fim do último império colonial europeu. Mostra objetos e correspondência de Cabral, mas também imagens, sons e textos que outras e outros lhe têm dedicado. É uma exposição sobre Amílcar Cabral e as suas vidas posteriores.“Amílcar Cabral foi uma figura destacada do século XX cuja memória permanece, seja no imaginário político ou no nome das ruas de vários países do hemisfério Sul, da África do Sul ao Brasil. A sua vida é hoje motivo de renovado interesse em África, assim como nas periferias de capitais europeias, em universidades ocidentais ou nos principais canais televisivos mundiais”, explica José Neves, membro da Comissão Científica da iniciativa.No Palácio Baldaya estarão 50 peças que permitem uma viagem pela vida do agrónomo e líder nacionalista, mas não só: “Cada uma das peças expostas leva-nos a momentos e lugares da vida de Cabral, enquanto indicia o tempo, o espaço e a experiência de quem o conheceu, vigiou, admirou, filmou, retratou ou cantou. Cabral está omnipresente, mas muitas das 50 peças que exibimos têm protagonistas próprios, da fotógrafa italiana Bruna Polimeni ao músico angolano David Zé, passando pelo líder ganês Kwame Nkrumah”, acrescenta o historiador.A partir da exposição, a Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril vai promover iniciativas diversificadas – mesas redondas, concertos, visitas guiadas e cinema –, incidindo sobre temas como liberdade, colonialismo, luta anticolonial e descolonização.
A iniciativa tem curadoria científica de José Neves e Leonor Pires Martins, consultoria de Alfredo Caldeira; Arquitetura de Ricardo Santos e Miguel Fevereiro; e Grafismo de Vera Tavares. Conta, enquanto parceiros, com a Junta de Freguesia de Benfica, a Fundação Amílcar Cabral, o Laboratório Associado IN2PAST, a Associação TCHIWEKA de Documentação, e a Fundação Mário Soares e Maria Barroso.