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Antigos estudantes partilham memórias sobre as crises académicas

Colóquio e exposição assinalam papel fundamental dos universitários no combate à ditadura. Relatos de protagonistas e análises históricas assinalaram os 60 anos da crise académica de Lisboa, como um exemplo, entre outros, da intervenção estudantil contra o Estado Novo.

As memórias das crises académicas foram desfiadas por Alberto Martins (Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra), Artur Pinto (Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa), Isabel do Carmo (Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa), João Cravinho (Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa) e Manuela Juncal (Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto, no colóquio “Primaveras Estudantis: da crise de 1962 ao 25 de Abril”.

A iniciativa, que decorreu na Universidade de Lisboa, contou também com Álvaro Garrido (Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra),

Fernando Rosas (Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa), José Pacheco Pereira (Arquivo Ephemera) e Luísa Tiago de Oliveira (Iscte Instituto Universitário de Lisboa), para uma análise histórica dos movimentos associativos estudantis e do seu papel na construção da democracia.

O impacto da guerra colonial nas lutas dos estudantes, e destas na radicalização política, foi tema de reflexão conjunta.

No final, Luísa Tiago de Oliveira deixou sugestões para o futuro: o recenseamento de materiais arquivístico, em universidades, escolas, associações; uma campanha de doação de materiais de arquivos pessoais; e uma recolha de memória oral, para construir a história global do ativismo estudantil.

“A luta pela construção da memória é muito urgente no movimento estudantil”, concordou Fernando Rosas.

“É fundamental que esta luta do passado se projete no futuro”, frisou, na sua intervenção, ao final da manhã, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, antes de proceder à condecoração, em nome de todos os dirigentes estudantis, de Eurico Figueiredo, com a Ordem de Instrução Pública.

“A nossa capacidade para enfrentar o futuro, com a sua incerteza, depende de sabermos olhar para trás”, assinalou Pedro Adão e Silva, comissário executivo das Comemorações Oficiais dos 50 anos do 25 de Abril.

“Quando evocamos as lutas dos estudantes durante o Estado Novo, não estamos apenas a regressar ao momento em que se forjaram os novos líderes democráticos, mas também a enfatizar a importância atual das universidades, como espaços de liberdade”, sublinhou.

“A Universidade sempre procurou ser semente e fermento de um espaço de liberdade”, realçou também Rui Ferreira, reitor da Universidade de Lisboa.

“Nos anos 1960-70, houve uma geração que se levantou, à escala global”, recordou Eduardo Ferro Rodrigues, presidente da Assembleia da República, que encerrou o colóquio com uma partilha pormenorizada da sua própria vivência da crise académica de 1969 e dos acontecimentos que se lhe seguiram.

Essa geração foi forçada ao serviço militar quando a sua oposição ao regime já era uma realidade, destacou. “Estar aqui, hoje, ainda como presidente da Assembleia da República, é, para mim, uma enorme honra”, frisou, assinalando a sua última intervenção pública em funções, emocionado.

Duas centenas de antigos estudantes juntaram-se num almoço de convívio na

Cantina Velha da Universidade de Lisboa que, antes, na Aula Magna, tiveram a oportunidade de assistir à projeção do documentário “Sampaio, Salazar e Caetano: o confronto de 1962”, realizado pelo jornalista Jacinto Godinho.

A evocação terminou com a inauguração da exposição “Primaveras Estudantis: da crise de 1962 ao 25 de Abril”, que ficará patente até final de agosto no Museu Nacional de História Natural e da Ciência da Universidade de Lisboa.

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