«Às Armas ou às Urnas»: a história da transição democrática em exposição até 16 de fevereiro de 2025
A Exposição «Às Armas ou às Urnas – Povo, MFA e Forças Armadas: entre revolução e democracia (1974-1982)», desenvolvida pela Comissão Comemorativa 50 anos de 25 de Abril, pode ser visitada até 16 de fevereiro de 2025, no Museu Nacional de História Natural e da Ciência (MUHNAC), em Lisboa, de terça-feira a domingo, das 10h às 17h. A entrada é livre.
Na inauguração, que teve lugar esta quarta-feira, estiveram presentes a Ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, a Comissária Executiva, Maria Inácia Rezola, a Vice-reitora da Universidade de Lisboa, Cecília Rodrigues, a Diretora do MUHNAC, Marta Lourenço, o Presidente da Direção da Associação 25 de Abril, Vasco Lourenço, assim como os curadores científicos da iniciativa, os historiadores Bruno Cardoso Reis, David Castaño e Gonçalo Margato, que conduziram uma visita guiada.
A história na primeira pessoa: três testemunhos
Teve ainda lugar uma sessão de testemunhos com a participação da diplomata Ana Gomes, do jornalista Joaquim Furtado e do Almirante Manuel Martins Guerreiro.
Ana Gomes recordou que, a 25 de Abril de 1974, com 20 anos, estava suspensa da Faculdade de Direito: “O meu objetivo não era estudar. Era contribuir para derrubar o regime.”
“A Guerra Colonial tem um impacto devastador para nos consciencializar. A consciência de que tínhamos de nos livrar daquele regime era aguda. A solução para muitos ativistas como eu era, mais tarde ou mais cedo, ou íamos para o exílio, ou íamos presos. Não se ia às urnas sem se ir às armas, e ainda bem que elas foram empunhadas”, acrescentou.
Joaquim Furtado, então jornalista no Rádio Clube Português, partilhou com a audiência os acontecimentos da madrugada em que leu o primeiro comunicado do Movimento das Forças Armadas. Recordou o sentimento de surpresa quando, perguntando ao capitão José Santos Coelho, um dos militares que ocuparam a rádio, de que golpe se tratava, ouviu: “Um golpe para pôr fim ao regime, realizar eleições livres, libertar os presos políticos, pôr fim à PIDE e à censura”. O jornalista sublinhou ainda a importância do 25 de Abril para as mulheres: “Este era um país em que as mulheres precisavam de autorização do marido para sair do país, e precisavam de autorização do país para sair do marido.”
O Almirante Manuel Martins Guerreiro lembrou que o Movimento dos Capitães, “de uma razão corporativa, em poucos meses, deu um salto para uma questão política.” Destacou ainda a importância do Programa do Movimento das Forças Armadas, que “sendo inspirado nas teses do III Congresso da Oposição Democrática, interpretou o desejo do povo português”. Isso, acrescentou, ver-se-ia nas ruas, com uma adesão popular que durou vários dias.
A história da transição democrática
«Às Armas ou às Urnas – Povo, MFA e Forças Armadas: entre revolução e democracia (1974-1982)» aborda a relação entre militares e civis durante o período revolucionário e de transição democrática.
A Exposição pode ser visitada de terça-feira a domingo, das 10h às 17h, e tem entrada livre. Será dinamizada através de diversas iniciativas de acesso gratuito, mediante inscrição através do e-mail gmargato@50anos25abril.gov.pt.
No dia 27 de setembro, entre as 17h00 e as 24h00, no âmbito da Noite Europeia dos Investigadores, tem lugar a sessão «Às armas ou às urnas: À descoberta da construção da democracia (1974-1982)».
Haverá visitas guiadas pelos curadores nos dias 20 de outubro, 15 de dezembro, 12 de janeiro e 9 de fevereiro, no período entre as 10h00 e as 13h00. As escolas e outros grupos interessados podem solicitar sessões adicionais, a ter lugar às terças-feiras à tarde e às quintas-feiras de manhã.
A programação completa da Exposição pode ser consultada na Agenda 25.04.
Saber mais sobre o Movimento das Forças Armadas, o 25 de Abril e a Revolução
Com o objetivo de promover um maior conhecimento da história recente do país, e dando particular atenção aos mais jovens e aos professores, a Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril disponibiliza regularmente conteúdos históricos produzidos e verificados por especialistas, em regime de acesso livre.
No âmbito do tema desta Exposição estão disponíveis no site das Comemorações, em 50anos25abril.pt, os dossiês:
Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril até 2026
As Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril tiveram início em março de 2022 e vão decorrer até 2026. Cada ano foca-se num tema prioritário, tendo como objetivo reforçar a memória e enfatizar a relevância atual destes acontecimentos na construção e afirmação da democracia.
O período inicial das Comemorações foi dedicado aos movimentos sociais e políticos que criaram as condições para o golpe militar. A partir de 2024, revisitam-se os três ‘D’ do Programa do Movimento das Forças Armadas (MFA), em iniciativas que evocam o processo de descolonização, a democratização e o desenvolvimento.
Fotografias: Cláudia Teixeira | Comissão Comemorativa 50 Anos 25 de Abril