Skip to main content

9 de setembro de 1973 • Nascimento do Movimento dos Capitães

Reunião, num monte em Alcáçovas, perto de Évora, de 136 oficiais de todas as armas e serviços das Forças Armadas, em reação aos decretos-leis n.º 353/73 e 409/73. A maioria dos presentes decide continuar a contestar os citados decretos, juntando-se a 51 oficiais a prestar serviço na Guiné-Bissau e a 97 a prestar serviço em Angola. Um documento, dirigido ao presidente do Conselho, com conhecimento ao Presidente da República, foi redigido e, posteriormente, posto a circular para recolha de assinaturas. Nele era pedida uma solução para a situação de injustiça criada pelos citados decretos-lei.

10 de outubro de 1973 • Reunião quadripartida

Dada a dificuldade em encontrar um local adequado, realiza-se uma reunião quadripartida em quatro casas: de Sousa e Castro, de Frazão, Antero Ribeiro da Silva e Dinis de Almeida. Estão presentes delegados da quase totalidade das unidades e estabelecimentos militares, bem como da oficialidade em serviço em Angola, Moçambique e Guiné. A discussão arrasta-se durante toda a noite e madrugada, perante as quatro alternativas então apresentadas: (1) Pedir coletivamente a demissão de oficial do Exército; (2) Ausentar-se do Serviço, mantendo-se fora do aquartelamento; (3) Permanecer no Quartel ou Estabelecimento, sem desempenhar quaisquer funções; (4) Fazer, coletivamente, uso da força. Venceu a primeira alternativa.

12 de novembro de 1973 • Reunião da Comissão Coordenadora em Aveiras de Cima

Agudizam-se os conflitos no seio da Comissão: por um lado, Mariz Fernandes e Sanches Osório, visando a solução de problemas profissionais na mais estrita legalidade; por outro, Vasco Lourenço e Diniz de Almeida, defendendo o avanço qualitativo do Movimento, sem exclusão de qualquer hipótese. Tal facto leva à demissão da Comissão Coordenadora, a qual se passa a considerar em funções apenas até à eleição de uma nova Comissão Coordenadora.

24 de novembro de 1973 • Reunião da Casa da Cerca, São Pedro do Estoril

Reunião do Movimento dos Capitães (alargada a tenentes-coronéis e outras patentes mais altas) na Casa da Cerca, em S. Pedro do Estoril. Participam 45 oficiais representantes das principais unidades do país, a quem se pede que auscultem as suas unidades sobre as vias a prosseguir:
1.º hipótese: Conquista do poder para, com uma Junta Militar, criar no país as condições que possibilitem uma verdadeira expressão nacional (democratização);
2ª hipótese: Legitimação do Governo, através de eleições livres, devidamente fiscalizadas pelo Exército, seguindo-se um referendo sobre o problema do Ultramar;
3ª hipótese: Utilização de reivindicações exclusivamente militares, como forma de alcançar o prestígio das Forças Armadas e de pressão sobre o Governo, com vista à obtenção da 2ª hipótese. Inicia-se assim uma segunda fase do Movimento, marcadamente política.
O tenente-coronel Luís Banazol faz uma intervenção ousada: «Não tenhamos ilusões: o governo só sai a tiro e os únicos capazes de o fazer somos nós, mais ninguém!».

1 de dezembro de 1973 • Reunião do Movimento dos Capitães na Casa do Povo de Óbidos

É anunciada a vitória da terceira hipótese (ação por meios legais), por estreita margem em relação à primeira (via do golpe de estado). É ainda aprovada a necessidade de escolher chefes prestigiados (sendo o general Costa Gomes o mais votado, seguido de António de Spínola); decide-se alargar o Movimento à Marinha e à Força Aérea; determina-se uma nova composição para a Comissão Coordenador, de 19 elementos, encarregue de realizar contactos para a eventualidade de um golpe.

5 de dezembro de 1973 • Reunião alargada da Comissão Coordenadora na Costa da Caparica

Durante a qual é eleita a sua direção: Vasco Lourenço (organização interna e ligações), Vítor Alves (orientação política) e Otelo Saraiva de Carvalho (secretariado). A eles ficam ainda associados Hugo dos Santos e Pinto Soares. Esta Comissão irá manter-se até ao 25 de Abril. Nesta reunião, aprova-se por maioria uma proposta que consiste em «continuar a apresentar ao governo reivindicações de carácter exclusivamente militar, e com a maior realidade, mas de natureza tal que o executivo não tenha possibilidades de as satisfazer, originando-se assim uma forma de pressão que, na melhor das hipóteses, leve à demissão do próprio governo, e, na pior, ao devido encaminhamento para a primeira hipótese».

5 de fevereiro de 1974 • Reunião “alargada” da Comissão Coordenadora

Em casa de Marcelino Marques reúnem-se, pela primeira vez, Garcia dos Santos, Costa Brás e Melo Antunes. Discute-se e vota-se o Programa elaborado por José Maria Azevedo: é rejeitado por unanimidade, e elege-se uma comissão que fica responsável por redigir uma nova versão do documento. Esta é composta por Costa Brás, Melo Antunes, José Maria Azevedo e Sousa e Castro.

5 de março de 1974 • Reunião em Cascais, no ateliê do arquitecto Braula Reis

Compareceram 197 oficiais em representação de 600.  Os Capitães assumem como irreversível a opção pelo Golpe de Estado, determinam um reforço da sua organização e fazem aprovar “um projeto político consubstanciando os grandes objetivos do Movimento”, contaria Otelo Saraiva de Carvalho em «Alvorada em Abril». Intitulado «O Movimento, as Forças Armadas e a Nação», o documento foi lido por Melo Antunes e subscrito por 111 dos presentes. Aprovou-se ainda a necessidade de escolha de chefes para o Movimento, tendo o Exército ratificado os nomes de Costa Gomes e de António de Spínola.

#50anos25abril