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Coleção «O 25 de Abril Visto de Fora» apresentada na Feira do Livro de Lisboa

A Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril apresentou este domingo, dia 2 de junho, na Feira do Livro de Lisboa, os dois mais recentes volumes da coleção «O 25 de Abril Visto de Fora»: Vozes da Revolução – revisitando o 25 de Abril de 1974, organizado por Paul Christopher Manuel, e Em Busca do Portugal Contemporâneo. A Revolução e as suas consequências, coordenado por Douglas L. Wheeler e Lawrence S. Graham. 

A coleção «O 25 de Abril Visto de Fora» contempla um total de dez obras alusivas à Revolução e à consolidação da democracia em Portugal até agora inéditas em português, a maioria de autores estrangeiros. A publicação dos volumes vai decorrer até 2026, acompanhando o programa das Comemorações. O sexto volume – The Revolution Within the Revolution. Workers Control in Rural Portugal, de Nancy Bermeo (Princeton, Princeton University Press, 1986) – será publicado ainda este ano. 

Este projeto é uma coedição da Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril e da editora Tinta-da-china. Para saber mais, consulte: https://50anos25abril.pt/iniciativas/o-25-de-abril-visto-de-fora/ 

A sessão de debate contou com a presença de Maria Inácia Rezola, historiadora e comissária executiva das Comemorações, António Costa Pinto, politólogo e coordenador da coleção, e Tiago Fernandes, professor de Ciência Política e Políticas Públicas e investigador do Centro de Estudos Internacionais do ISCTE-IUL.  

Vozes da Revolução – revisitando o 25 de Abril de 1974 

A obra Vozes da Revolução – revisitando o 25 de Abril de 1974, organizada pelo cientista político norte-americano Paul Christopher Manuel, reúne as perspetivas de 14 dirigentes militares centrais neste período da história recente do país, enquadradas por ensaios de especialistas. Estes conteúdos são pela primeira vez publicados em português. 

Inclui entrevistas a Amadeu Garcia dos Santos, António de Spínola, Carlos Fabião, Fisher Lopes Pires, Francisco da Costa Gomes, Jaime Neves, José Manuel da Costa Neves, Luís António Casanova Ferreira, Manuel Monge, Mário Tomé, Otelo Saraiva de Carvalho, Vasco Gonçalves, Vasco Lourenço, e Vítor Alves. 

O livro contempla ainda textos de Nancy Bermeo, David Silva Ferreira, Stewart Lloyd-Jones, Paul Christopher Manuel, Maria Inácia Rezola, Luís Nuno Rodrigues e Douglas L. Wheeler. 

A apresentar a obra, Maria Inácia Rezola afirmou que esta traz “novas perspetivas e novos olhares sobre a Revolução de 1974 e 1975”, partindo da ideia expressa pelo autor de que “o 25 de Abril desencadeou um tremendo tsunami de participação e um campo de experimentação política.” 

A historiadora e comissária executiva da Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril afirmou que, para além de conter entrevistas, a obra inclui a interpretação que Paul Manuel faz dos acontecimentos de há 50 anos, estando esta visão também patente “na forma como as entrevistas foram conduzidas, nos anos de 1990, e os testemunhos organizados”. 

“O autor nomeia três forças em confronto nesses anos: a reforma e revolução; os apoiantes do bloco soviético versus os do bloco ocidental; os partidários da mudança radical, versos os da mudança moderada”, acrescentou. 

Em Busca do Portugal Contemporâneo 

O livro Em Busca do Portugal Contemporâneo, coordenado por Douglas L. Wheeler e Lawrence S. Graham, reúne as intervenções de prestigiados académicos internacionais que participaram no colóquio do International Conference Group on Portugal, em 1979. Os textos combinam a análise das condições históricas e sociais internas de Portugal com a dos acontecimentos internacionais de meados da década de 1970. É pela primeira vez publicado em Portugal.  

Os autores são Alex Macleod, Ben Pimlott, Bill Lomax, Charles Downs, David L. Rabi, Douglas L. Wheeler, Harry M. Makler, Jean Seaton, John R. Logan, José Medeiros Ferreira, Joyce Firstenberg Riegelhaupt, Lawrence S. Graham, Nancy Bermeo, Paulo de Pitta e Cunha, Thomas C. Bruneau, Tom Gallagher, e Walter C. Opello, Jr. 

Na apresentação desta obra, Tiago Fernandes, investigador do Centro de Estudos Internacionais do ISCTE-IUL, sublinhou a sua validade à luz dos dias de hoje: “Este é um dos primeiros livros a analisar a questão do legado da Revolução – o que a revolução fez de bom, de mau e o que ficou por fazer. Essa análise abre inúmeras pistas para compreender o momento atual e é útil para a reflexão que hoje, 50 anos depois, estamos a fazer.” 

O historiador destacou ainda dois perigos que o livro identifica para a então jovem democracia portuguesa e que, pese embora não se tenham verificado, “voltam a estar presentes”: o “culto do salazarismo” e “o perigo de os partidos do centro-direita se transformarem em partidos anti-sistema e passarem a ter uma atitude contra as normas democráticas.”  

Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril até 2026  

As Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril tiveram início em março de 2022 e vão decorrer até 2026. Cada ano vai focar-se num tema prioritário, tendo como objetivo reforçar a memória e enfatizar a relevância atual destes acontecimentos na construção e afirmação da democracia.  

O período inicial das Comemorações tem sido dedicado aos movimentos sociais e políticos que criaram as condições para o golpe militar. A partir de 2024, os três ‘D’ do Programa do Movimento das Forças Armadas (MFA) começam a ser revisitados, em iniciativas que evocam o processo de descolonização, a democratização e o desenvolvimento. 

Fotografias: Cláudia Teixeira | Comissão Comemorativa 50 Anos 25 de Abril

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