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Conversa recordou o colonialismo, a opressão e um povo impedido de se desenvolver

A Conversa “A luta de libertação na Guiné: memórias cruzadas” juntou o médico Mário Moutinho de Pádua e o antigo secretário-geral do Partido Comunista Português (PCP) Jerónimo de Sousa no Palácio Baldaya, em Benfica. No âmbito da programação de “Amílcar Cabral, uma Exposição”, os presentes recordaram a forma como viveram a Guerra Colonial.

Em 1961, quando teve início a luta armada de libertação em Angola, Mário Moutinho de Pádua era um jovem. O que testemunhou quando foi destacado – “o colonialismo, a opressão, o corte das cabeças, um povo que estava impedido de se desenvolver” – levou-o a atravessar a fronteira e a desertar. Recusava-se a pegar em armas. Acabaria por se juntar a outros portugueses na luta anticolonial, e por conhecer Amílcar Cabral. Sobre o líder independentista recorda uma pessoa “boa e sincera, que queria a libertação sem ódio, com muita humanidade”. De imediato, ofereceu-se para trabalhar como médico para o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC). Essa foi a sua ocupação por três anos.

Jerónimo de Sousa recordou a sua passagem pela Guiné-Bissau, onde, com 19 anos, testemunhou o sentimento de uma “guerra sem sentido, uma guerra perdida”, que se refletia na moral de quem combatia, e fazia notar um real avanço do PAIGC.  Sobre Amílcar Cabral, realça a “contribuição decisiva que deu ao seu povo para que conhecessem o sabor da liberdade”. O antigo líder comunista terminou a sua intervenção com uma nota de preocupação e um apelo aos mais jovens: “Existe uma responsabilidade geracional na defesa da democracia. Mas eu acredito que não voltamos para trás”.

Numa perspetiva sobre a atualidade, Mário Moutinho de Pádua considerou o colonialismo “uma doença dos povos”, que deixou “sequelas”, e “uma forma de cobardia”. O caminho, considerou, ainda está a ser feito, através da luta contra a xenofobia e o racismo.

 

Esta Conversa decorreu no seguimento da visita guiada a “Amílcar Cabral, uma exposição”, patente no Palácio Baldaya (Benfica) até 25 de junho.

Esta exposição, de entrada livre, pode ser visitada diariamente, entre as 9h00 e as 22h00.

Saiba mais aqui.

 

Fotografias: Cláudia Teixeira | Comissão Comemorativa 50 Anos 25 de Abril

 

#50anos25abril