Exposição «Quem és tu? – um teatro nacional a olhar para o país» em Sines e Faro até ao final do ano
Até ao final do ano, a Exposição «Quem és tu? — Um teatro nacional a olhar para o país» estará patente em Sines, no Centro de Artes, até ao próximo dia 18 de novembro, e em Faro, no Teatro das Figuras, entre 24 de novembro e 13 de dezembro.
«Quem és tu?» recupera a relação da Companhia Rey Colaço-Robles Monteiro, à qual, no final de 1929, foi concessionado o Teatro Nacional D. Maria II, com o país. Resultado de uma parceria entre o D. Maria II, a Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril e o Museu Nacional do Teatro e da Dança, a exposição tem curadoria do programador cultural Tiago Bartolomeu Costa.
“Tem sido um privilégio trabalhar em parceria com a Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril e com o Museu Nacional do Teatro e da Dança para conceber e difundir a Exposição «Quem és tu? — Um teatro nacional a olhar para o país», um rigoroso trabalho do curador Tiago Bartolomeu Costa, que constitui um contributo original e significativo para a historiografia do teatro em Portugal”, afirma Rui Catarino, Presidente do Conselho de Administração do Teatro Nacional D. Maria II.
“Um retrato de quase 100 anos da complexa história do Teatro Nacional D. Maria II, e do teatro em Portugal, em permanente ligação com os seus contextos políticos e sociais, esta exposição leva a todo o país uma oportunidade única de compreender melhor a relevância do teatro português e a forma como espelhou e foi catalisador de mudanças do nosso país. Só com o esforço conjunto da equipa do D. Maria II e de todos os parceiros envolvidos, é possível empreender uma operação com esta escala”, conclui.
Maria Inácia Rezola, Comissária Executiva, afirma: “Queremos tirar partido das Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril para promover um maior conhecimento do passado, indispensável à reflexão sobre o futuro. Pretendemos que os 50 anos de liberdade e democracia deem o mote para construirmos uma sociedade mais participativa, plural e democrática, e a Cultura, materializada em iniciativas como esta, é imprescindível neste caminho”.
Nuno Costa Moura, Diretor do Museu Nacional do Teatro e da Dança, afirma: “«Quem és tu?» é, sem dúvida, uma das interpelações mais marcantes do teatro português. Percorre a história da nossa dramaturgia, com os exemplos máximos de Gil Vicente e Almeida Garrett, e continua a confrontar-nos também no presente, através desta iniciativa audaciosa do D. Maria II. A importância e alcance do projeto e a divulgação alargada e inédita de um enorme e valioso património teatral tornaram irrecusável o convite que o Teatro Nacional endereçou ao Museu.”
“Este é um projeto que relaciona, de forma atenta e perspicaz, a história social e política do país com a produção artística de uma companhia e de uma estrutura fundamentais para se entender o teatro que se quis e se fez em Portugal nos últimos cem anos. A partir do património físico que sobreviveu de uma arte por natureza efémera, criam-se conexões e ilações que nos obrigam a olhar de novo para a importância do espetáculo e dos artistas enquanto agentes ativos da sociedade”, acrescenta.
A Exposição em Sines e Faro: visitas guiadas, debates e oficinas para famílias
O Centro de Artes de Sines recebe a exposição «Quem és tu? — Um teatro nacional a olhar para o país» até ao dia 18 de novembro.
Sines é o sétimo concelho do país onde esta exposição está patente e o único onde serão expostos um Telão da autoria de Graça Morais – construído em 1995, para a peça «Ricardo II», de William Shakespeare, com encenação de Carlos Avilez, e apresentado pela primeira vez em contexto expositivo – e o Cenário-tapeçaria que Abílio de Mattos e Silva criou e desenhou para o espetáculo de reabertura do Teatro Nacional D. Maria II, em maio de 1978, após o incêndio que destruiu o edifício em 1964. O espetáculo de reabertura era composto por «Auto da Geração Humana», atribuído a Gil Vicente, e o «Alfageme de Santarém», de Almeida Garrett. Nesta exposição, recria-se, de uma forma simbólica, o espaço cénico da peça «Auto da Geração Humana», através das tapeçarias/telões de Abílio de Mattos e Silva, bem como do figurino usado em cena por Eunice Muñoz, desenhado pelo mesmo artista.
Estas duas peças revestem-se de elevado valor patrimonial e histórico, tanto para a história do Teatro Nacional D. Maria II como do teatro português.
Neste concelho, está ainda agendada uma visita guiada à exposição com o curador, no dia 17 de novembro, sexta-feira, às 14h30. Na mesma data, pelas 16h30, tem lugar o debate «Mitos, mitologias, ficção e identidade», com moderação de Tiago Bartolomeu Costa.
No dia 18 de novembro, domingo, às 15h00, acontece uma Oficina para Famílias (crianças a partir dos 10 anos), dinamizada por Vera Santos. Estas sessões duram 1h30m.
A partir de dia 24 de novembro, a exposição estará patente em Faro, no Teatro das Figuras. A inauguração acontece no dia 24, pelas 18h30, seguida de uma visita guiada pelo curador. A 16 de dezembro, sábado, pelas 15h, decorre nova visita guiada, também com orientação de Tiago Bartolomeu Costa.
No dia 25 de novembro, sábado, às 10h30, tem lugar uma Oficina para Famílias.
A 13 de dezembro, quarta-feira, pelas 16h30, o curador, Tiago Bartolomeu Costa, conduz uma visita guiada pela Exposição. Pelas 18h30, realiza-se o debate “O país social e cultural das primeiras décadas do século XX, e o TNDMII como lugar de revelação e validação”, com Miguel Honrado e Maria Eugénia Vasques.
O teatro português e a sua relação com o Regime
A concessão do Teatro Nacional D. Maria II à Companhia Rey Colaço-Robles Monteiro acompanhou 45 dos 48 anos da ditadura do Estado Novo, tendo-se iniciado em 1929 — três anos depois da instauração da ditadura militar —, e sido continuamente renovada, incluindo em 1964, após o incêndio que encerrou o edifício. Só a Revolução levaria ao fim do contrato, em 1974.
Nesse período, o teatro português desenvolveu-se, afirmou-se, reagiu e definiu-se na relação com o Regime. As consequências dessa relação criaram uma prática e história para o teatro e, em particular, para uma ideia de teatro nacional.
Recuperando a relação da Companhia Rey Colaço-Robles Monteiro com o território nacional, a Exposição «Quem és tu? – Um teatro nacional a olhar para o país» estabelece ligações entre a prática artística e o seu contexto político e social, sublinhando relações entre os espetáculos apresentados e as diferentes camadas de representação (do país, da sociedade, do teatro e dos regimes políticos), potenciando a perceção pública de uma certa ideia de (e para o) teatro nacional, tanto enquanto edifício, como na sua missão.
Através de linhas temáticas comuns, são estabelecidas relações entre espetáculos distintos, propondo leituras que aprofundem a prática artística e a implementação de políticas, num trabalho que identifica princípios de resistência, mas também de participação nas atividades e ações do regime.
Uma viagem pelo país
Integrada na Odisseia Nacional, um projeto de coesão territorial desenvolvido pelo Teatro Nacional D. Maria II desde o início de 2023, a Exposição «Quem és tu? – Um teatro nacional a olhar para o país» passou já por seis concelhos de Portugal Continental e Ilhas desde março deste ano: Águeda, Caldas da Rainha, Évora, Funchal, Ribeira Grande e Viseu.
Ao longo destes meses, cerca de 2 mil pessoas visitaram a Exposição nas várias regiões do país e participaram nas suas atividades paralelas: visitas guiadas, debates e oficinas para famílias.
Sobre o Teatro Nacional D. Maria II
Fundado em 1846, o Teatro Nacional D. Maria II, E.P.E. é uma instituição central no panorama teatral português, comprometida com a sua missão de serviço público, que integra a promoção da democracia cultural e a realização do potencial cultural do nosso país e das suas pessoas. O D. Maria II produz, coproduz e acolhe, por ano, cerca de 50 espetáculos e centenas de outras atividades, num total superior a 700 sessões, para mais de 100.000 espectadores. Procura ativamente envolver cada vez mais pessoas na sua programação, através de múltiplas iniciativas desenhadas para todos os tipos de públicos, com particular atenção a crianças e jovens e pessoas com necessidades específicas. Trabalha em prol da valorização da criação nacional e das classes profissionais artísticas e técnicas que a suportam, com equipa permanente de cerca de 90 pessoas, colaborando com centenas de artistas e outros profissionais da cultura. Apresenta os seus espetáculos nas suas salas no Rossio, em Lisboa, e em digressão nacional e internacional.
Em 2023 iniciou um projeto inédito de coesão territorial através da arte teatral, a Odisseia Nacional, que, em parceria com mais de 90 municípios de todo o continente e ilhas, promove centenas de atividades, entre espetáculos (Programa Peças), projetos de participação (Programa Atos), atividades para todos os níveis de ensino (Programa Frutos), ações de formação para profissionais da cultura (Programa Nexos), eventos de pensamento (Programa Cenários) e uma exposição itinerante. A Odisseia Nacional conta com a participação de dezenas de estruturas artísticas, de profissionais e de múltiplos parceiros públicos, privados e do terceiro setor, de todo o país.
Sobre o Museu Nacional do Teatro e da Dança
O Museu Nacional do Teatro e da Dança é o grande arquivo das memórias e da História das artes do espetáculo em Portugal. Tem como missão dar a conhecer a evolução e a atualidade do Teatro, da Dança, da Ópera e de outras artes do palco, assumindo a responsabilidade de reunir, conservar, preservar, organizar, documentar, investigar e divulgar as suas coleções.
Está instalado no Palácio do Monteiro-Mor, no Lumiar, em Lisboa, e conta com mais de 300.000 peças no seu acervo, incluindo figurinos e trajes de cena, maquetas de cenários, adereços, cartazes, partituras e, ainda, fotografias, pinturas e caricaturas de artistas do palco. Possui, igualmente, a maior e mais diversificada biblioteca sobre artes do espetáculo do país.
Sobre a Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril
A Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril tem como missão elaborar e executar o programa das Comemorações oficiais do cinquentenário da Revolução de 1974.
As celebrações decorrem entre 2022 e 2026. Iniciaram-se em março de 2022 — quando Portugal passou a contar mais dias de democracia do que aqueles que viveu em ditadura — e terminam em dezembro de 2026, quando se cumpre, por um lado, 50 anos da aprovação da Constituição da República portuguesa e, por outro, 50 anos do ciclo eleitoral que decorreu ao longo do ano de 1976 – a realização das primeiras eleições legislativas, presidenciais, regionais (Açores e Madeira) e autárquicas.