«Filmou o 25 de Abril?» Comissão e Cinemateca lançam Campanha de recolha de filmes amadores inéditos sobre a Revolução
A Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril e a Cinemateca Portuguesa promovem uma Campanha de recolha de filmes amadores inéditos sobre a Revolução, com o objetivo de salvaguardar e difundir esse património cinematográfico.
Maria Inácia Rezola, Comissária Executiva, afirma: “Um dos aspetos distintivos do 25 de Abril é a forma como os portugueses receberam a notícia do derrube da ditadura, saindo às ruas e celebrando a liberdade. Estas perspetivas são elementos relevantes para promovermos um maior conhecimento da nossa história recente. Esta passagem de testemunho sobre o passado, as memórias da ditadura, da construção da democracia e do valor da liberdade é fundamental para que possamos, em conjunto, pensar e construir o futuro.”
José Manuel Costa, Diretor da Cinemateca Portuguesa, afirma: “Os filmes amadores não eram sujeitos à censura do Estado Novo nem a quaisquer limitações ou formatações prévias, o quer faz deles uma fonte inestimável para compreender o século XX português. Havia neles grande variedade, encontrando-se até ficções produzidas com meios próprios, mas na sua maioria registavam momentos da vida familiar ou eram imagens de lugares e acontecimentos públicos, incluindo alguns dos maiores acontecimentos da vida portuguesa. Em relação a estes últimos, que também eram cobertos por operadores profissionais, os filmes amadores olham muitas vezes para outros pormenores e de outros pontos de vista, que só aí podem ser observados. Sabemos que muitos portugueses filmaram o 25 de Abril, em Lisboa e no resto do país, e temos a certeza de que esta campanha revelará muitas imagens inéditas da Revolução, alargando o sentido do que se encontra no cinema profissional ou na televisão. E estamos obviamente disponíveis para recolher imagens de outros períodos históricos além do 25 de Abril tendo em conta a importância dos filmes amadores para contar a nossa história coletiva recente.”
Identificação, catalogação, digitalização e difusão
A Cinemateca procura filmes em película de pequeno formato: 9,5mm, 16mm, 8mm e Super 8. Uma vez recebidos, os filmes serão identificados, catalogados, digitalizados (caso o seu estado de conservação o permita, sendo nesse caso oferecida ao proprietário uma cópia digital) e consultados para fins de investigação. Com a autorização do autor, também poderão ser disponibilizados online na Cinemateca Digital e usados como imagens de arquivo em novas produções audiovisuais.
Os materiais podem ser conservados na Cinemateca em regime de depósito ou de doação.
A entrega dos filmes pode ser agendada por telefone (21 968 9400), e-mail (prospecao@cinemateca.pt), ou presencialmente, na Cinemateca Portuguesa, na Rua Barata Salgueiro, 39, em Lisboa, ou no Centro de Conservação da Cinemateca (ANIM), na Rua da República, 11, em Bucelas.
Sobre a Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril
A Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril tem como missão elaborar e executar o programa das Comemorações oficiais do cinquentenário da Revolução de 1974.
As celebrações decorrem entre 2022 e 2026. Iniciaram-se em março de 2022 — quando Portugal passou a contar mais dias de democracia do que aqueles que viveu em ditadura — e terminam em dezembro de 2026, quando se cumpre, por um lado, 50 anos da aprovação da Constituição da República portuguesa e, por outro, 50 anos do ciclo eleitoral que decorreu ao longo do ano de 1976 – a realização das primeiras eleições legislativas, presidenciais, regionais (Açores e Madeira) e autárquicas.
Sobre a Cinemateca
A Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema é o organismo nacional, tutelado pelo Ministro da Cultura, que tem por missão a salvaguarda e a divulgação do património cinematográfico. Foi fundada no início dos anos 50 por um dos pioneiros das cinematecas europeias, Manuel Félix Ribeiro, e tornou-se uma instituição autónoma em 1980. Desde 1956, a Cinemateca é membro da Federação Internacional dos Arquivos de Filmes (FIAF), criada em 1938, com o objetivo de promover a conservação e o conhecimento do património cinematográfico, conjugando os esforços dos mais importantes arquivos do mundo, e que conta atualmente com mais de 170 afiliados de 79 países. Também em 1956, foi inaugurada a primeira sala própria da Cinemateca, dedicada à sua atividade exibidora. Em 1996, a Cinemateca abriu um moderno centro de conservação nos arredores de Lisboa, o Departamento ANIM (Arquivo Nacional das Imagens em Movimento), que é atualmente a base de todas as atividades de preservação, pesquisa técnica e acesso sobre as coleções fílmicas, videográficas e digitais.