O afastamento de António de Spínola da presidência da República não significou a neutralização daqueles que se reviam no seu projeto político. Em torno de Spínola gravitavam diferentes correntes políticas, militares e civis, que ocupavam lugares distintos no espectro partidário, incluindo um arco que ia da extrema-direita até aos setores conservadores do Partido Socialista (PS). O general retira-se para uma quinta em Massamá, onde recebe diversos atores políticos, que o informavam da evolução política e com os quais ia discutindo os futuros políticos do país.
Entre dezembro de 1974 e janeiro de 1975, Spínola ensaia uma aproximação à social-democracia, entre o PS e o Partido Popular Democrático (PPD), pensando numa futura candidatura presidencial. É neste contexto que pode ser lida a participação de alguns dos seus oficiais mais próximos no primeiro Congresso do PS (13-15 de dezembro de 1974), mas também a entrevista concedida pelo General ao semanário Expresso, em janeiro de 1975. Durante o mesmo período, devido aos debates que iam alimentando a atualidade política, várias unidades militares distanciavam-se politicamente da Coordenadora do MFA, mostrando a sua penetrabilidade às ideias do General.
Entrevista de António de Spínola à Revista Expresso.
4 de janeiro de 1975. HML.

Cartaz do MDP/CDE sobre os acontecimentos do 28 de Setembro.
Fonte: ADN, EMGFA