Skip to main content

Levantamento da comunidade branca em Lourenço Marques, após a assinatura do acordo de Lusaca referente à independência de Moçambique. O autodenominado Movimento Moçambique Livre ocupa as instalações do Rádio Clube de Moçambique, do aeroporto e dos CTT. Há ainda a registar a explosão de um paiol, o assalto às instalações do jornal Notícias e Tribuna, o incêndio da sede dos Democratas de Moçambique, a destruição das instalações da Associação Académica, a contaminação da rebelião à cidade da Beira e a outras cidades e a libertação de elementos da antiga DGS da cadeia de Machava.

Os revoltosos, aos microfones do Rádio Clube, apelam ao levantamento da população contra o acordo de Lusaca. Reivindicam a realização de um referendo sobre o futuro de Moçambique e que o governo inclua elementos de todas as raças.

O movimento tinha como objetivos conter a independência de Moçambique e, eventualmente, promover uma independência branca, “à rodesiana”. Seria dinamizado por Jorge Jardim com a colaboração da extrema-direita, elementos da população branca associados à FICO (Frente Independente da Continuidade Ocidental/Ficar Convivendo), africanos anti Frelimo, industriais, financeiros e comerciantes de Lourenço Marques e da Beira, antigos combatentes, milícias armadas ou grupos paramilitares, contando ainda com apoios nos países vizinhos. É referido que Spínola teria ligações com a insurreição que, de resto, acompanhou com proximidade.

Seguir-se-iam dias sangrentos e de grande violência inter-racial, com dezenas de mortes entre a população negra, que se reacende em finais de outubro.

 

#50anos25abril