A 6 de Janeiro de 1973 é publicado o primeiro número do jornal Expresso. Numa brochura de divulgação que precedeu o lançamento, é dito que o jornal ambiciona “o modelo [político] democrático” e que a sua força advém do facto de “não ter tido de fazer exame de ortodoxia política ou económica”.


Pouco mais de um mês depois, Pinto Balsemão escreve a Marcelo Caetano queixando-se da “perseguição” contra o jornal levada a cabo pela Censura, que ordenara a submissão de prova de página de todo o jornal. É possível que esta ou outras diligências tenham resultado num certo abrandamento da Censura. Porém, já em Janeiro de 1974 o director-geral da Informação escreveu a Balsemão informando-o de que, em virtude de o jornal adoptar “procedimentos impróprios e condenáveis”, a publicação seria submetida, na totalidade, a provas de página ou a apresentação de provas só até às 21 horas, “para que não se invoquem arranjos de urgência”.

O surgimento do novo periódico também levantava objecções à esquerda do espectro político. O jornal República, por exemplo, apressou-se a apontar nas suas páginas as ligações da Sojornal, empresa proprietária do semanário, ao “grande capital”, assim insinuando ligações ao regime.
Não obstante estes constrangimentos, o Expresso receberia “invulgar aceitação” entre os leitores, o que, segundo Pinto Balsemão, se devia a uma crescente politização das classes médias (a que a actuação da «Ala Liberal» não seria alheia).

