Skip to main content

A 6 de Janeiro de 1973 é publicado o primeiro número do jornal Expresso. Numa brochura de divulgação que precedeu o lançamento, é dito que o jornal ambiciona “o modelo [político] democrático” e que a sua força advém do facto de “não ter tido de fazer exame de ortodoxia política ou económica”.

Francisco Pinto Balsemão na sua secretária. Flama, 27 de Outubro de 1972. Fonte: ANTT, Flama.
Marcelo Rebelo de Sousa, Francisco Pinto Balsemão e Augusto Carvalho a preparar o lançamento do jornal Expresso, 1973. A fotografia encontra-se reproduzida numa brochura de divulgação do novo semanário. Fonte: ANTT, PIDE-DGS.

Pouco mais de um mês depois, Pinto Balsemão escreve a Marcelo Caetano queixando-se da “perseguição” contra o jornal levada a cabo pela Censura, que ordenara a submissão de prova de página de todo o jornal. É possível que esta ou outras diligências tenham resultado num certo abrandamento da Censura. Porém, já em Janeiro de 1974 o director-geral da Informação escreveu a Balsemão informando-o de que, em virtude de o jornal adoptar “procedimentos impróprios e condenáveis”, a publicação seria submetida, na totalidade, a provas de página ou a apresentação de provas só até às 21 horas, “para que não se invoquem arranjos de urgência”.

 

Carta de Pedro Geraldes Cardoso, Director-Geral da Informação, a Francisco Pinto Balsemão, 12 de Janeiro de 1974. Cardoso acusa o director do jornal de querer "chamar a atenção do público para a actuação das corporações policiais em campos particularmente sensíveis e que [levam a crer] que o governo persegue os intelectuais e artistas e não consente a liberdade de imprensa e de reunião. Na missiva diz ter aconselhado o Exame Prévio a sujeitar "todo ou parte do jornal a prova de página". Fonte: ANTT, PIDE-DGS.

O surgimento do novo periódico também levantava objecções à esquerda do espectro político. O jornal República, por exemplo, apressou-se a apontar nas suas páginas as ligações da Sojornal, empresa proprietária do semanário, ao “grande capital”, assim insinuando ligações ao regime.

Não obstante estes constrangimentos, o Expresso receberia “invulgar aceitação” entre os leitores, o que, segundo Pinto Balsemão, se devia a uma crescente politização das classes médias (a que a actuação da «Ala Liberal» não seria alheia).

No texto, reproduz-se diagrama, alegadamente da autoria da Câmara do Comércio-Luso-Alemã, sobre as pretensas ligações dos administradores e accionistas do jornal Expresso às "grandes empresas" do país. República, 24 de Abril de 1973. Fonte: ANTT, PIDE/DGS.

Reacção de Pinto Balsemão à notícia publicada no jornal República sobre pretensas ligações do Expresso às grandes empresas portuguesas, Expresso, s.d. Fonte: ANTT, PIDE-DGS.

#50anos25abril