Apesar das garantias que o pacto MFA/Partidos dava, os sectores mais à esquerda do aparelho militar continuaram desconfiados e receosos em relação ao que as eleições pudessem trazer. Rosa Coutinho, um dos defensores do não adiamento das eleições na assembleia da madrugada de 12 de março, veio, agora já membro do Conselho da Revolução, defender a criação de um partido do MFA, um “MFA Civil” para “empreender a construção do que chamamos o futuro socialismo português”. Vasco Gonçalves, primeiro-ministro do novo IV Governo Provisório, propôs a Mário Soares, líder do PS, uma frente unitária entre os partidos, com um programa político comum. Soares recusou.
Indo mais longe, a 5ª Divisão do Estado-Maior-General das Forças Armadas, responsável pela comunicação e propaganda do MFA, iniciou uma apologia do “voto em branco”, uma opção “que tem tanto valor como o voto em qualquer partido”: “ao fazê-lo estamos livremente a dizer o que pensamos e que sentimos”. A Intersindical Nacional, o PRP, e o próprio primeiro-ministro Vasco Gonçalves, entre outros, apoiaram igualmente o voto em branco. Chegou-se a falar de sondagens realizadas pelo MFA que apontariam para que pudessem chegar a 40% do total de votos. Não tantos como os 83% que, quase 30 anos mais tarde, José Saramago imaginou lançarem um país no caos no seu Ensaio sobre a Lucidez. Mas seriam suficientes para se questionar a legitimidade da Assembleia Constituinte.
“Como não fazer o jogo da reação e votar pela revolução”.
Textos de apoio do MFA – Dinamização Cultural e Ação Cívica.
Fonte: Arquivo da Defesa Nacional, PT/ADN/EMGFA/5DIV/012/0031/012.
“Voto em branco: Vota conselhos revolucionários pela revolução socialista”.
Panfleto do PRP/Brigadas Revolucionárias, 22 de abril de 1975.
Fonte: Arquivo da Defesa Nacional, PT/ADN/EMGFA/5DIV/005/0016/015.
“Intersindical aconselha o voto em branco”.
Diário de Lisboa, 21 de abril de 1975.
Fonte: Fundação Mário Soares e Maria Barroso, pasta 06822.172.27183.
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